ATA DA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SÉTIMA SESSÃO LEGISLATIVA EXTRAORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 10.07.1996.

 

Aos dez  dias do mês de março do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze  minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Constada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata de Instalação da Sétima Sessão Legislativa Extraordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Airto Ferronato, 01 Requerimento de renovação de votação do Projeto de Lei do Executivo n0 34/96;  pelo  Ver. Artur Zanella, 01 Requerimento de retirada de tramitação da Emenda n0 04 ao Projeto de Lei do Executivo n0 33/96 e 01 Emenda n0 05 ao Projeto de Lei do Executivo n0 33/96; pelo Ver. João Dib, 01 Requerimento de renovação de votação do Projeto de Lei do Executivo n0 32/96 e 01 Requerimento de renovação de votação do Projeto de Lei do Executivo n0 34/96; pelo Ver. Luiz Braz, 01 Subemenda n0 01 à Emenda n0 03 ao Projeto de Lei do Executivo n0 33/96. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Luiz Negrinho reportou-se à questão dos moradores da Cooperativa Coqueiros, na Vila Cruzeiro do Sul, externando sua posição pessoal no sentido de não votar nenhum projeto do Executivo Municipal, enquanto perdurar o impasse. O Ver. Raul Carrion cobrou o cumprimento de acordo entre os  moradores da Cooperativa Coqueiros e o Departamento Municipal de Habitação, bem como teceu considerações a respeito da proposta de contrato, que considerou leonino, recebida pelos residentes no Jardim Leopoldina. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. O Senhor Presidente submeteu à consideração do Plenário os seguintes Requerimentos: de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, solicitando alteração na ordem de  votação dos processos constantes na Ordem do Dia, o qual foi aprovado, e do Ver. Henrique Fontana, de idêntico teor, o qual, a Requerimento do Ver. Luiz Negrinho, aprovado, foi submetido à votação nominal, sendo rejeitado por quinze votos NÃO, quatorze votos SIM, votando Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Dilamar Machado, Edi Morelli, Fernando Záchia, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Mário Fraga, Nereu D’ Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo, e Sim os Vereadores  Airto Ferronato, Décio Schauren, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi e Raul Carrion. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo n0 26/96, por trinta votos SIM, dos Vereadores Airto Ferronato, Antonio Hohlfeldt, Artur Zanella, Clênia Maranhão, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Raul Carrion, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. O Projeto de Lei do Executivo n0 04/96, após ser discutido pelos Vereadores Luiz Braz e Wilton Araújo, teve sua discussão adiada por uma Sessão, a Requerimento de autoria do Ver. Henrique Fontana, aprovado por dezoito votos SIM, nove votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores João Dib, Airto Ferronato, Reginaldo Pujol, Henrique Fontana, Jocelin Azambuja e Nereu D’ Ávila, tendo votado Sim os Vereadores Clênia Maranhão, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila, Pedro Américo Leal e Raul Carrion, e Não os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Edi Morelli, João Dib, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Pedro Ruas, Reginaldo Pujol e Wilton Araújo. Ainda, em Discussão Geral e Votação Nominal, a Requerimento, aprovado do Ver. Mário Fraga, após ser discutido pelos Vereadores Dilamar Machado, Giovani Gregol, Elói Guimarães, João Dib, Lauro Hagemann, Raul Carrion, Jocelin Azambuja, Artur Zanella, Airto Ferronato, Henrique Fontana e José Valdir, foi aprovado, com ressalva das Emendas e destaques, o Projeto de Lei do Executivo n0  33/96, por vinte e seis votos SIM, um voto Não e uma ABSTENÇÃO, votando Sim os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Motta, João Verle, Jocelin Azambuja, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Nereu D’ Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas, Raul Carrion, Wilton Araújo, votando Não o Ver. João Dib, e optado pela Abstenção o Ver. Isaac Ainhorn. Em continuidade, foi rejeitada a Emenda n0 03 ao Projeto de Lei do Executivo n0  33/96, votada em destaque a Requerimento de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, por dezenove votos NÃO, quatro votos SIM e uma ABSTENÇÃO, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Jocelin Azambuja, João Dib, Airto Ferronato, Raul Carrion, Elói Guimarães, João Motta, Luiz Braz e Lauro Hagemann, tendo votado Não os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Dib, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Maria do Rosário, Mário Fraga, Milton Zuanazzi, Pedro Ruas e Raul Carrion, Sim os Vereadores Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Nereu D’Ávila, Paulo Brum, e optado pela Abstenção o Ver. Pedro Américo Leal, tendo o Senhor Presidente declarado prejudicada a Subemenda n0 01 à Emenda n0 03 ao Projeto de Lei do Executivo n0  33/96. Após, foi aprovada a Emenda n0 01 ao Projeto de Lei do Executivo n0  33/96. A Emenda n0 02 ao Projeto de Lei do Executivo n0  033/96, após ser submetida à votação nominal a Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja, foi rejeitada por dezesseis votos SIM, sete votos NÃO e duas ABSTENÇÕES, votando Sim os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Dilamar Machado, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, Isaac Ainhorn, João Verle, Jocelin Azambuja, Luiz Braz, Maria do Rosário, Mário Fraga, Paulo Brum, Pedro Ruas e Raul Carrion, Não os Vereadores Artur Zanella, Elói Guimarães, João Dib, João Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, e Nereu D’ Ávila, abstendo-se os Vereadores Milton Zuanazzi e Pedro Américo Leal. A Emenda n0 05, aposta ao Projeto de Lei do Executivo n0  33/96, submetida à votação nominal a Requerimento de autoria do Ver. João Dib, foi rejeitada por dezoito votos NÃO, seis votos SIM e uma ABSTENÇÃO, tendo votado NÃO os Vereadores Airto Ferronato, Décio Schauren, Elói Guimarães, Giovani Gregol, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, Henrique Fontana, João Dib, João Motta, João Verle, José Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maria do Rosário, Milton Zuanazzi, Pedro Américo Leal, Pedro Ruas e Raul Carrion, SIM os Vereadores Artur Zanella, Dilamar Machado, Isaac Ainhorn, Jocelin Azambuja, Mário Fraga e Paulo Brum e optado pela Abstenção o Ver. Nereu D’ Ávila. Durante o processo de discussão e votação do Projeto de Lei do Executivo n0 033/96, os trabalhos estiveram regimentalmente suspensos das dezesseis horas e trinta e seis minutos às dezesseis horas e trinta e sete minutos, e das dezesseis horas e quarenta minutos às dezesseis horas e quarenta e um minutos. Ainda, o Senhor Presidente acatou solicitação do Ver. Artur Zanella no sentido da retirada de expressão antiregimental de seu pronunciamento durante a discussão do Projeto de Lei do Executivo n0 33/96, bem como liberou ao Ver. Raul Carrion, com a concordância do autor, cópia das notas taquigráficas do pronunciamento anteriormente referido. A seguir, o Senhor Presidente apregoou a retirada do pedido de renovação de votação dos Projetos de Leis  n0 s 32 e 34/96, encaminhados pelos Ver. João Dib e pelo Ver. Airto Ferronato, também ao Projeto de Lei do Executivo n0 34/96.  Às dezoito horas e oito minutos,. constatada a inexistência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos da presente Sessão  da 7a Sessão Legislativa Extraordinária da XI Legislatura, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião da Comissão Representativa, amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Mário Fraga, Edi Morelli e Reginaldo Pujol e secretariados pelos Vereadores, Fernando Záchia e Jocelin Azambuja, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Fernando Záchia, 10 Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim, e pelo Senhor Presidente e pelos Vereadores presentes.

 

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para Questão de Ordem.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, a Convocação Extraordinária foi feita para os dias 8, 9 e 10. Por isso, acredito que ontem deveríamos estar reunidos, já que a extraordinária estava convocada também para o dia 9. Nós estivemos aqui presentes e vi que a orientação, que me foi dada pela Diretoria Legislativa, foi de que não teria Sessão porque normalmente nós temos Sessões só nas segundas e quartas-feiras. Mais isso é no período ordinário.

 

O SR. PRESIDENTE: Acontece, Vereador, que na segunda-feira, no final dos trabalhos, já sob o calor intenso dos debates, tendo em vista ausência de quórum nas Comissões Conjuntas à reabertura dos trabalhos posteriores, em que foi votado o segundo projeto constante da Ordem do Dia, tendo em vista que não havia preparo de matérias, tendo em vista a não aprovação do relatório, eu recebi, naquele final de tarde, um Requerimento firmado pelo Ver. Henrique Fontana, em que ele requeria o art. 81 para votação do Projeto de desafetação da Vila Cosme Galvão, o que prontamente deferi devido o embasamento legal. Em não havendo a matéria, comunicamos que as matérias estariam prontas e preparadas para entrar em votação na quarta-feira, o que ensejava a não-realização da Extraordinária do dia 9. Foi isso que ocorreu e, por essa razão, achamos que temos estrutura, no enxugamento, de trabalhar com as matérias com rapidez, nesta tarde.

 

O SR. JOÃO VERLE (Questão de Ordem): Eu gostaria que V. Exa. nos orientasse em relação à não-inclusão na Ordem do Dia de hoje do Projeto de Lei do Executivo 004/96, Processo 0342/96, que autoriza o Poder Executivo a utilizar de forma centralizada as disponibilidades financeiras da administração direta e indireta, porque não está na Ordem do Dia de hoje.

 

 O SR. PRESIDENTE: Mas é o primeiro Projeto.

 

O SR. JOÃO VERLE: Desculpe, fui induzido a um erro pelo meu Líder.

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento de autoria do Ver. João Dib, requer renovação de votação do PLE 32/96.

Liderança com o Ver. Luiz Negrinho, pelo PST.

 

O SR. LUIZ NEGRINHO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Na segunda-feira falei da situação dos moradores da cooperativa Coqueiros na Vila Cruzeiro. Aqui foi falado que haveria uma reunião na terça-feira, ontem, às 18 horas, só que, infelizmente, este Vereador mais o Ver. Raul Carrion, mais a Vera. Maria do Rosário estivemos lá presentes para ouvir o que DEMHAB tinha para dizer para aquele pessoal que está lá, mas desmarcaram na madrugada. E nós não ficamos sabendo.

Ficou estabelecido, e isso foi tirado com a presença dos Vereadores que lá estiveram, que a solução é uma só, que os moradores que lá estão, que aceitaram o acordo inicial, querem que seja cumprido esse acordo, querem passar imediatamente para os módulos que já estão prontos. E os moradores que sairão da Sanga da Morte, que vão ficar lá por três meses, que fiquem provisoriamente onde eles estão hoje. Esta é a proposta, este é o acordo, e é o que esperamos que seja cumprido.

Outra questão foi levantada: que os moradores que vão ficar provisoriamente nesses módulos, nos apartamentos novos, vão estragar alguma coisa, porque sabem que é uma passagem provisória. Vão se criar dois problemas, primeiro, que vai continuar o atual problema dos que já estão improvisados há dois anos: vão continuar improvisados; segundo, os moradores, que vão para lá, não vão cuidar, porque 90 dias depois terão que sair e outra turma virá provisória. Acho que o Executivo tem que usar o bom senso. Eu disse aqui na segunda-feira - e não irei me manifestar sobre o problema da Cosme e Galvão, que está em peso aqui - que enquanto o Executivo não resolver o problema, que é de solução fácil, é só usar o bom senso, este Vereador não votaria, numa Extraordinária, nenhum projeto do Executivo, e mantém a proposta, e não é irresponsabilidade. Irresponsabilidade é deixar aquele pessoal naquela situação e os Vereadores, que estiveram lá acompanharam e viram que havia um grande volume de água no salão e o pessoal tirando a água para nós nos reunirmos. Se o salão, que é desocupado, tem esse problema, imaginem a situação dos apartamentos, que são provisórios. Esperamos que isso seja resolvido, porque a situação lá está terrível, e o pessoal que esteve lá ontem verificou isso. E acho que a situação do pessoal da Cosme e Galvão não é tão urgente, porque eles pelo menos estão em casas, os outros estão jogados dentro de alguns cubículos. Esta é a situação, e este Vereador vai cumprir o que prometeu na segunda-feira. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Raul Carrion está com a palavra, em Comunicação de Líder. 

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. A Liderança do PC do B vem a esta tribuna para tratar duas questões graves no campo da habitação. E não vamos falar sobre a Cosme Galvão, porque sobre esse tema temos falado em quase todas as Sessões e lutado junto com outros Vereadores para que se desafete imediatamente essa área. Mas no dia de ontem tivemos a oportunidade de acompanhar, primeiro a visita ao Coqueiros, junto com o Ver. Luiz Negrinho, que havia nos convidado, com a presença da Vera. Maria do Rosário, e como ele já se expressou sobre isso, gastaremos menos tempo. Queremos dizer que constatamos realmente uma situação que merece o acompanhamento da Casa. Eu pessoalmente digo que pensava que este problema já estivesse solucionado há muito. O que nós contatamos, segundo as colocações da comunidade, é que todo um acerto feito com o DEMHAB, onde inclusive eles entraram com a mão-de-obra para recuperar 31 apartamentos, o acordo era de que: concluído os apartamentos, que eles ajudaram a recuperar, eles sairiam das taperas onde eles se encontram, onde a água corre, onde a instalação elétrica pode ocorrer incêndio a qualquer momento, e ocupariam esses apartamentos que eles ajudaram a recuperar. Surpreendentemente, um representante do DEMHAB apresentou-se e propôs o seguinte: “vocês aguardem mais um pouco, nós vamos trazer uma comunidade que tem que ser retirada para obras, e eles ocuparão os apartamentos que são de vocês, futuramente vocês irão para lá”. Quem conhece os prazos e o respeito do DEMHAB pelos prazos, vou referir-me a seguir ao Leopoldina, que em maio de 94 deveria haver 300 lotes urbanizados para os moradores que foram expulsos, e eles aguardam até hoje, e o Diretor do DEMHAB diz que não existe sequer projeto. Imaginem os dois meses dessa comunidade que pode se transformar em dois anos, ou quem sabe mais. Então, evidentemente, nós procuramos orientar a comunidade de que existe um acordo. Se o DEMHAB propõe outro acordo, depende da concordância deles. Se eles não concordarem, cumpra-se, mas tenho a convicção de que se esta Câmara não marcar de cima o “cumpra-se” não vai realizar-se. Então, essa é a primeira questão que o PC do B deixou claro ontem, deixa claro aqui e deixa claro para os representantes do DEMHAB que compromisso assumido com a comunidade é lei para nós. Que o DEMHAB leve daqui essa informação e que se faça logo uma reunião com esses moradores para esclarecer.

Outro problema que me traz aqui é o encaminhamento que se está dando ao Jardim Leopoldina. Foi realizada na segunda-feira uma reunião na SMED, infelizmente não pude estar presente, recém na quinta-feira, às 20 horas, os moradores do Leopoldina receberam uma proposta de contrato para assinar, examinar o contrato, ele é leonino, eu vi 14 cláusulas questionáveis, os preços estão sendo questionados, existem questões pendentes a que a Caixa Econômica e o DEMHAB não trouxeram ainda resposta, e quando os moradores chegaram do Leopoldina para negociar um contrato, a informação do Diretor do DEMHAB foi que ele já tinha levado um “pito” do Prefeito por estar negociando com os moradores. É o seguinte: “Assinem ou assinem.” Eu só mudei a expressão “pito”, porque ele usou uma expressão de baixo calão e não cabe usar aqui.

A comunidade do Leopoldina, ontem à noite, reunida massivamente, decidiu não assinar os contratos e propõe pagar em dia a concessão de uso, se é essa a preocupação do DEMHAB e da Prefeitura, e negociar um contrato e um valor condizente. Mas a atitude autoritária que está sendo tomada pelo DEMHAB, nós chamamos a atenção, alertamos o Líder Fontana do PT, porque é preciso que esta Casa faça o seu papel. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

Registramos a presença, em nosso Plenário, do ex-Vereador Ervino Besson.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Sr. Presidente, nós só gostaríamos de solicitar a inversão da ordem de discussão e votação dos Projetos, passando, de imediato, ao PLE n0 026/96, que é um Projeto mais tranqüilo, que autoriza o Executivo a alienar próprio Municipal à Associação Sul Riograndense Igreja Adventista do Sétimo Dia, então solicito que votemos primeiro esse Projeto e, após, os demais.

 

O SR. PRESIDENTE: A Presidência recebe o Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Presidente, é só no sentido de adendar ao Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja, de que em segundo lugar nós votássemos o PLE n0 033/96, que é a desafetação da área da Cosme Galvão, até porque o PLE n0 004/96 está dependendo de alguns detalhes que estão sendo discutidos com os Vereadores e esclarecimentos são necessários.

 

O SR. PRESIDENTE: Vereador, se não há adendamento, vamos colocar em votação os dois Requerimentos.

Em votação o Requerimento do Ver. Jocelin Azambuja. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADO.

Em votação o Requerimento do Ver. Henrique Fontana para que após o PLE n0 026/96, seja votado o PLE n0 033/96 e, depois, o PLE n0 004/96. Em votação nominal, requer o Ver. Luiz Negrinho, do Partido Social Trabalhista. (Após a chamada.) REJEITADO o Requerimento do Ver. Henrique Fontana, por 14 votos SIM e15 votos NÃO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1308/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N0 026/96, de autoriza o Executivo a alienar próprio Municipal à Associação Sul Riograndense Igreja Adventista do Sétimo Dia.

 

Parecer

– da CCJ. Relator Ver. Fernando Záchia: pela aprovação do Projeto.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 10, VIII, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n0 026/96. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, em votação (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO o PLE n0 26/96 por 30 votos SIM.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 0342/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N0 004/96, de autoriza o Poder Executivo a utilizar de forma centralizada as disponibilidades financeiras da Administração Direta e Indireta. Com Emenda n0 01.

 

Pareceres

- da CCJ. Relator Ver. Airto  Ferronato: pela aprovação do Projeto e da Emenda n0 01;

- da CEFOR. Relator Ver. Antonio Hohlfeldt: pela rejeição do Projeto e da Emenda n0 01. 

 

Observações:

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE n0 004/96. O Ver. Luiz Braz está com a palavra para discutir.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, pediria que todos lessem, neste Processo, o Parecer da Procuradoria desta Casa, onde a Dra. Marion cita o discurso de Pinto Ferreira, comentários à Constituição Brasileira, 1994, que diz: “A Lei Orçamentária perderia toda a sua finalidade se os programas aprovados pudessem ser afastados e substituídos pelo Poder Executivo em sua execução”. Pinto Ferreira vai discorrendo, contrário, exatamente, àquilo que fere a Constituição, àquilo que não permite a Constituição, que é transferir valores de um programa para outro programa, àquilo que não permite a que o Executivo fique de dono do orçamento, que transforme a peça orçamentária numa coisa vil, ordinária, que não serve para nada, a não ser para que o Executivo faça aquilo que bem entender com ele. Ora, é isso que nós queremos? Afinal de contas, esta Câmara existe com uma das finalidades específicas de fiscalizar o Poder Executivo. Nós queremos, com a votação deste Projeto, se aprovarmos, é fazer com que esta Câmara perca uma das suas principais finalidades, a grande arma que é dada a esta Casa pela Constituição, que é a de fiscalizar a execução orçamentária, essa arma nós não teríamos mais, simplesmente porque, se aprovarmos este Projeto – que é uma aberração e que não deveria estar tramitando nesta Casa -, vamos dar ao Executivo o direito de ele fazer com os recursos orçamentários aquilo que ele bem entender. É isso que nós queremos? É para isso que fomos eleitos Vereadores? É inconstitucional, não apenas porque a Dra. Marion, Procuradora desta Casa, colocou aqui as suas contrariedades, indicando o artigo da Constituição que veda a transferência de recursos, mas é inconstitucional também porque tira desta Casa uma das suas finalidades e faz com que um dos Poderes da democracia, que é o Legislativo, fique calado para sempre! Por que nós vamos tirar deste Poder a sua força? Por que os Vereadores desta Casa viriam para este Legislativo para matá-lo, para sufocá-lo? Por que vamos fazer deste Legislativo apenas um apêndice do Executivo, como tem sido em muitas vezes?

A Dra. Marion, em seu Parecer, foi muito clara. Mas, infelizmente, a Comissão de Justiça cometeu um equívoco quando analisava o Processo. Eu acredito até, como existem aqui, Ver. Reginaldo Pujol, muitas pressões pedindo para que se faça parecer de uma forma ou de outra, acho até que por causa desses pedidos lá na Comissão de Justiça, tenha-se agido aqui desta maneira. Eu conversava com um dos membros da Comissão de Justiça, uma das pessoas mais entendidas no campo do Direito aqui neste Plenário, que é o meu querido amigo Ver. Elói Guimarães, eu mostrava para ele, inclusive, que ele havia assinado o Parecer favorável a esta matéria e o Ver. Elói também se mostrava contrariado, porque ele dizia que discutia a inconstitucionalidade do Projeto antes mesmo da sua votação.

Então, eu só pediria que esta Casa não se curvasse tanto para o Executivo, que esta Casa não se suicidasse com a aprovação deste Projeto. Será um suicídio deste Legislativo aprovar esta matéria. Ou os Vereadores não gostam do Legislativo, não gostam da democracia e querem liquidar com a democracia, aqui em Porto Alegre, aprovando este Projeto, ou os Vereadores vão votar contrário a esta matéria e mostrar para o Executivo que todos nós, aqui, estamos bem vivos, que todos nós, aqui, estamos muito atentos e que não vamos aprovar essas manobras que são tentadas pelo Poder Executivo para tomar conta do Município, sozinhos, sufocando a voz deste Legislativo para impedir que a democracia reine nesta nossa Porto Alegre . Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Wilton Araújo está com a palavra, para discutir o PLE  04/96.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em discussão o Projeto que tenta, segundo a Bancada Governista, o Prefeito, unificar todos os Orçamentos ou o dinheiro do Executivo em um caixa só, centralizar em um caixa único.

Existem muitos aspectos pelos quais a Câmara deve discorrer e se aprofundar na discussão deste Projeto. Primeiro é o já abordado pelo nobre Ver. Luiz Braz, da inconstitucionalidade, inorganicidade e ilegalidade, até, da proposta do Sr. Prefeito Municipal. Sem dúvida nenhuma, em belo Parecer, a Procuradora-Geral desta Casa discorre sobre todos os aspectos da inconstitucionalidade desse Projeto. Infeliz e espantosamente, o querido Presidente da Comissão de Constituição e Justiça, à qual pertenço, em poucas, mas certamente bem estudadas linhas, derrota toda a tese levantada em várias laudas e profundamente estudada pela Procuradora-Geral. Sei que o Vereador conhece muito bem a matéria orçamentária. Desconheci, entretanto, o seu profundo conhecimento na questão constitucional. Mas respeito o Parecer, embora tenha votado contra ele na CCJ. Prefiro, ainda, querido Ver. Airto Ferronato, ficar, neste caso, com a Procuradora-Geral da Casa que nos dá a dimensão do atalho que o Prefeito quer fazer na Constituição do País.

Por outro lado, se só isso não fora o suficiente para a matéria na Casa sequer tramitar e prosperar, vamos ao mérito da matéria que está em questão: quer juntar em um caixa só todas as autarquias e a Centralizada do Município. O que se significa dizer isso na prática? Significa dizer que todas as autarquias que, por sua natureza e sua arrecadação própria, terão misturados o dinheiro da sua arrecadação com o da Centralizada, que normalmente é mais carente de recursos. Significa dizer, por exemplo, que o dinheiro de um DMAE, que é sabiamente, Ver. Guilherme Barbosa, que já foi Diretor-Geral daquele Departamento, e na minha opinião deverá votar contra o Projeto, o departamento mais rico da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, mais rico porque arrecada muito e tem sempre a tarefa de manter, como vem fazendo há muito tempo e historicamente faz, o abastecimento da Cidade de Porto Alegre em altos níveis da nação, porque hoje, 98, 99% da população de Porto Alegre tem água potável nas suas residências. Significa dizer que um departamento desses poderá, por ação e vontade de um Prefeito, ter o seu dinheiro retirado do Departamento e colocado em outra área que, porventura, pode ser considerada, momentânea e conjunturalmente, mais prioritária. Significa dizer que, historicamente, poderá perder o DMAE e a população, em conseqüência, a água tratada para todos na Cidade de Porto Alegre.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Edi Morelli se inscreve e cede o seu tempo para V. Exa., com a concordância dos demais Vereadores.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Agradeço ao Ver. Edi Morelli e aos demais Vereadores inscritos que possibilitam que eu continue na tribuna, inclusive, aos governistas. Pode significar, Senhoras e Senhores que hoje abrilhantam a nossa Sessão Extraordinária da Câmara com a sua presença, nossos convidados, portanto, que departamentos como esse, o DMAE, que é significativamente importante para Cidade de Porto Alegre e que, historicamente, mantém um dos melhores níveis de atendimento do País, não é de hoje, é de 30, 40 anos que isto acontece, por uma penada, por uma vontade de um Prefeito ou de qualquer um que ache que a prioridade não é mais a água tratada em Porto Alegre, porque nós já temos 98%, se ficarmos em 80% poderá ser bom também, e aí tenha prejudicado todo o trabalho de um plano geral de águas, por exemplo, que existe há tanto tempo no DMAE e que vem mantendo esta alta qualidade. Pode significar, em um futuro próximo, que a Cidade não terá um abastecimento ótimo como tem há anos. Pode também significar que outros departamentos e autarquias, que têm arrecadação própria, tenham dificuldade de auto-sustentação e piorem o seu atendimento à população. Finalmente, pode significar, na prática, que a vontade de um prefeito vai se sobrepor a todas as outras vontades, inclusive à própria vontade deste Legislativo. E eu concordo com o Ver. Luiz Braz quando ele diz que perderá o direito e o dever de bem fiscalizar as ações do Executivo na Cidade de Porto Alegre, porque hoje o Prefeito precisa pedir para esta Casa autorização para qualquer tipo de transferência, doação, empréstimos que queira fazer dentro do orçamento. Daqui para frente, Ver. Airto Ferronato, eu sei que V. Exa. é preocupado com a matéria orçamentária e é um especialista desta Casa em matéria orçamentária, poderá, por uma vontade momentânea ou conjuntural, fazer coisas que a Cidade se arrependerá em um futuro próximo, talvez imediato.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Apenas para fazer uma observação. Tecnicamente, o Parecer está correto e a douta Procuradoria da Câmara está equivocada. Ela confunde orçamento com finanças, e desde 1989, quando apresentei uma proposta nesse sentido. O caixa único não interfere nem nos poderes da Câmara e nem nas modificações do orçamento. O orçamento continuará o mesmo.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Agradeço a V. Exa. pelo aparte e continuo a não concordar com V. Exa., porque acredito que essa inconstitucionalidade carrega para o bojo do Projeto algo insanável, em primeiro lugar. Em segundo lugar, na matéria de mérito sobre a qual vinha discorrendo, não posso me convencer de que esse caixa único poderá trazer benefícios para o povo de Porto Alegre. Nem V. Exa. e nenhum outro Vereador levantou, até agora, um argumento suficientemente bom para que eu me convença de que, juntando tudo em uma mão apenas – em só o Prefeito mandar em todos os orçamentos e em todas as vontades no mesmo momento e sem a aquiescência da Câmara Municipal –, isso possa ser bom para Cidade.

Concluindo, diria que, a menos que argumentos muito convincentes sejam apresentados a este Vereador, vamos votar contra esse Projeto para o bem da Cidade. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Edi Morelli): Acusamos o recebimento de um Requerimento, de autoria do Líder da Bancada Governista - Ver. Henrique Fontana - , solicitando que o PLE n0 004/96 tenha a sua discussão adiada por uma Sessão.

O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o Requerimento do Ver. Henrique Fontana.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou encaminhar contrariamente ao adiamento da votação. Este é um dos tantos Projetos que chegam a esta Casa sem nenhuma informação e buscando pressionar a Casa com alguns expedientes. Este projeto tem uma informação datilografada de cerca de uma página, não traz aqui a concordância dos Conselhos Deliberativos do DMAE, DMLU e DEMHAB, não tem; qualquer proposição desse tipo deveria ser antecedida pela autorização do Conselho Deliberativo, que é quem dirige os departamentos autárquicos. E é tão verdade que não tem, que esta barbaridade que ocorreu, de superfaturamento no Jardim Leopoldina, que valia 0,6 CUB por metro quadrado e o DEMHAB comprou por 1,2 CUB por metro quadrado, não passou no Conselho Deliberativo. E nós fomos envolvidos na emoção em assuntos que não são os melhores. Só digo o seguinte: se fosse com o Governo Britto, com o Governo Fernando Henrique, com o Governo Collares ou com o Governo João Dib isto era falcatrua! Compraram pelo dobro do preço sem autorização do Conselho Deliberativo, para vender para o povo, pressionando para resolver o problema da Construtora Guerino. Não sei se a Odebrecht também, se o PROER, essas coisas que são tão criticadas lá foram consideradas. Então este Projeto deveria ser pedido o adiamento para o ano que vem, até porque é fim de administração, não se faz uma operação destas, a não ser que haja coisas escusas no meio. Voto contrariamente ao Requerimento e peço que, na hora da votação, ele seja fulminado. Muito obrigado. 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está com a palavra para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu não poderia deixar de estar aqui neste momento, até porque fui citado por diversas vezes por ilustres Vereadores da Câmara. Em 1989 apresentei uma proposta na Lei Orgânica, que tinha exatamente este sentido, de que as autarquias se auxiliassem mutuamente. O PT votou contra à época. Por outro lado, no ano passado fui Presidente da Câmara, todos os projetos de licitação que fizemos, interessados no projeto entraram na Justiça, e a Procuradoria da Câmara venceu todas as ações, pela competência da nossa Auditoria. Quanto à reforma administrativa: nada se pôde fazer, porque estava na Justiça. Mas nós ganhamos.

Agora, com relação a este Projeto a douta Auditoria errou. Por quê? Porque ela confundiu orçamento com finanças.

Ver. Luiz Braz, o Parecer da Comissão de Constituição e Justiça é legal, regimental e constitucional, tenho clareza disso; agora, o mérito é outro detalhe técnico e político que trataremos depois. Daí por que nós estamos aqui para dizer que a Comissão de Constituição e Justiça acertou no seu Parecer técnico. O Ver. Antonio Hohlfeldt colocava, num determinado momento, que surpreendentemente a Comissão de Justiça acabou aprovando. A Comissão de Justiça avalia se tecnicamente o processo está certo. Eu, particularmente, acredito no seguinte: os recursos públicos têm que ser centralizados para serem melhor administrados e distribuídos às suas autarquias. E isso ocorre, de acordo com a minha Emenda n0 01.

O Parecer da Comissão de Constituição e Justiça é pensando no bem da Cidade. Mas, politicamente, uns entendem que desta maneira seria melhor e outros entendem que de outra maneira seria melhor. Nós estamos aqui para defender a Comissão de Justiça que, na sua maioria, votou pela aprovação do Parecer, que está correto. E com relação ao nosso adiamento, vamos ouvir o Plenário, porque eu não tenho nenhuma posição de votar contra ou a favor, por isso, vamos aguardar para decidir. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, gostaria, na qualidade de Vice-Presidente da Casa, de agradecer pelos serviços prestados pelo Diretor Legislativo Bísio que colaborou conosco durante seis meses. E, também, dar as boas vindas à nova Diretora Legislativa, que é a funcionária Alceste, desejando a ela sorte em seu trabalho, e dizer que tenho certeza de que a Mesa Diretora estará muito bom assessorada pela nova Diretora Legislativa. (Palmas.)

O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar o Requerimento do Ver. Henrique Fontana.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, pessoalmente eu não tenho necessidade de adiar a votação no dia de hoje para votar contrariamente a essa matéria. Hoje ou daqui a 15, 20, 30, 40 dias ou um ano. Se essa matéria, como foi solicitada pelo Ver. João Dib, for votada daqui a seis meses e se daqui a seis meses for como eu espero, Prefeita de Porto Alegre a candidata que estou apoiando, eu vou votar contra também, pois entendo que as nossas posições não podem mudar ao sabor do interesse político-administrativo.

Esse Projeto de Lei é um monstro. A Procuradoria analisou com muita propriedade e deixou de avançar em alguns aspectos que são fundamentais, que o Ver. João Dib avançou, em seu comentário, porque fere, por completo, o princípio da autonomia financeira, administrativa e contábil que tem as autarquias. Aprovar esse Projeto de Lei equivale a colocar os diretores das autarquias no risco de serem criminalmente responsabilizados, porque a lei estabelece que as autarquias tenham autonomia administrativa, financeira e contábil e os seus diretores-gerais têm que prestar contas. O Dr. Dilamar Machado, quando foi Diretor do DMHAB, teve que prestar contas ao Tribunal de Contas, sobre os seus atos, porque a responsabilidade era dele como diretor-geral. O Dr. Zanella, o Dr. Vieira da Cunha e todos aqueles que foram diretores–gerais ou do DMAE ou do DEMHAB ou do DMLU ou da FESC são os responsáveis administrativa, financeira e contabilmente pelos atos que ocorrem nas suas administrações. São, por conseguinte, os ordenadores da despesa e, por conseguinte, responsáveis diretos e únicos na situação. Então, mudar isso, além de ser anticonstitucional, de estar ao arrepio da lei, é expor os dirigentes das autarquias, quer sejam eles os atuais como os futuros, a sanções legais absolutamente e claramente previstas nas disposições pertinentes que cuidam dessa matéria.

Por isso, eu voto contra a prorrogação porque, a meu gosto, esse assunto que entrou na Casa no dia 30 de janeiro já devia ter morrido. Nós deveríamos ter dito o seguinte, até porque eu assinei há pouco a redação final do Código de Ética Parlamentar que, entre outras coisas, diz que o vereador tem que respeitar a lei, a Constituição, as normas legais e nós, votando essa aberração, estaríamos contrariando a lei, a Constituição e criando um caos administrativo em que a autarquia se desfiguraria por inteiro e a centralização administrativa ganharia pontos fortíssimos num começo irrefreável e de previsões incalculáveis.

Por mim, voto contra o pedido de adiamento porque estou em condições de agora dizer não a essa aberração jurídica. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. O Ver. Henrique Fontana está com a palavra, para encaminhar.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu quero usar, talvez, uma das frases do Ver. João Dib para defender o nosso Requerimento de adiamento da votação. Nós entendemos que se estão faltando informações, se alguns vereadores ainda têm dúvidas, então, adiar a votação ou adiar a discussão é positivo porque nós podemos trazer outras informações à Casa e, eventualmente, conquistar uma maioria dentro da Casa que entenda o projeto como adequado.

Quero colocar, já que diversos vereadores falaram da questão da autonomia orçamentária de que a aprovação do Projeto alteraria as bases do orçamento, votado por esta Casa, que o Projeto não propõe nada disso. Nós respeitamos o Parecer da Procuradoria da Casa, mas o Parecer trabalha num aspecto que não é o que propõe o Projeto. O Projeto visa o seguinte: vamos admitir uma situação hipotética e concreta, uma das autarquias do Município, por exemplo o DMAE, tem recursos sobrando no caixa, está aplicando no mercado financeiro a 1% ao mês. A Administração Centralizada está com falta de recursos e vai ter que buscar o dinheiro emprestado no mercado financeiro, pagando juros maiores do que aqueles que os bancos cobram, quando captam o dinheiro para aplicação. A Centralizada teria que pagar 2% de juros para receber esses recursos emprestados.

Então, o Município perderia, porque o dinheiro que tem sobrando seria aplicado a 1% e o dinheiro que o Município precisa buscar emprestado nos bancos seria captado a 2%. Isso seria um prejuízo para toda a Cidade de Porto Alegre, para o Município.

O que o Projeto propõe é que a Câmara autorize o Município a fazer empréstimos de curto prazo entre autarquias e a Administração Centralizada. Neste caso, o DMAE que tem dinheiro sobrando emprestaria “xis” milhões de reais para a Administração Centralizada, a juros de 1%.

Neste caso, teríamos a vantagem para o Município de contrair um empréstimo dentro da Administração Municipal, onde o DMAE receberia o mesmo recurso que receberia se aplicasse o excedente de caixa num banco e a Administração Centralizada não vai gastar o dobro numa taxa de juros, colocando recursos públicos na mão dos bancos para pagamento de juros.

Entendemos que existem dúvidas, que o Plenário está tenso em relação ao Projeto e muitos Vereadores não se consideram em condições de votar neste momento.

Por isso, entendemos que é melhor ganhar mais alguns dias para esclarecer melhor a questão. E estamos propondo o adiamento da discussão por uma Sessão.

Só queríamos fazer uma rápida fala com o Ver. Reginaldo Pujol que colocava da tribuna, em nome dos liberais que ele se preocupa com a questão orçamentária, que os recursos não sejam jogados de uma instituição para outra, que se deforme a peça orçamentária. É a mesma preocupação que temos. Seria importante, também, que se dissesse aqui que este Projeto não tem nenhuma semelhança com o Projeto adotado pelo Governo Federal que instituiu o chamado Plano de Estabilização Fiscal e lá, sim, no Governo Federal, que V. Exa. apóia, e que seu Partido votou a favor, lá sim foram retirados da Seguridade Social, colocados nesse fundo geral, que como dizia um representante do Governo, que não era nem social e nem de emergência, e aí sim o dinheiro se perdeu num emaranhado da burocracia e da administração centralizada do Governo. Não é o que estamos propondo aqui. Nós queremos um Projeto claro de empréstimos de curto prazo para potencializar as aplicações do Município. Muito obrigado. 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Executivo Municipal, dentro desse processo natural que tem feito de buscar, cada vez mais, subjugar o Poder Legislativo e fazer prevalecer de qualquer forma os seus interesses e a sua vontade, encaminha esse Projeto, em regime de urgência, numa Convocação Extraordinária, que é lamentável sob todos os aspectos e que aqui já foram referidos pelos colegas, hoje e na segunda-feira, e que não poderia deixar de ser mais uma forma de buscar fazer com que este Legislativo Municipal se ajoelhasse perante o sempre poderoso Prefeito de Porto Alegre e a Bancada Petista, que adora mandar e comandar neste Plenário, e lamentavelmente acabam conseguindo.

Vejam, Srs. Vereadores, que esse Projeto teve um Requerimento do Presidente da Casa, para que o Prefeito de Porto Alegre comparecesse a esta Casa para explicar o Projeto. Não compareceu, compareceu o Secretário da Fazenda. O Prefeito não compareceu em desrespeito ao Poder Legislativo. O mínimo que caberia ao Prefeito de Porto Alegre era fazer uma visita ao Presidente da Câmara de Vereadores e prestar as informações que o Presidente solicitou. Mas como a prepotência é muito grande e estão acostumados a prepotência, não respeitaram o Presidente da Câmara – Ver. Isaac Ainhorn. Só por isso é lamentável sob todos os aspectos.

Por outro lado, nós temos que ver o embasamento legal, para um embasamento legal está bem evidenciado a improcedência deste Projeto, da inadequação de uma matéria desta natureza ser colocada aqui em uma Convocação Extraordinária, com pressão, para que os Vereadores desta Casa aprovassem. O PDT foi desrespeitado através do seu Presidente. Os demais Vereadores que fazem parte da Mesa, o Ver. Airto Ferronato que, aqui, no Parecer está defendendo o Projeto, e o Ver. Fernando Záchia também foi desrespeitado, como membro da Mesa. A Bancada do PTB, da mesma forma também foi desrespeitada, assim como as demais Bancadas desta Casa. Ora, o que precisa? Adiar, não. Isso tem que ser rejeitado de imediato, isso não é matéria para estar sendo adiada. Primeiro, porque o Prefeito demonstrou que não tem nenhum interesse, pouco está ligando para a decisão da Câmara Municipal de Porto Alegre, se vão aprovar, ou se não vão. Para mim isso é matéria suficiente para rejeição de qualquer projeto. Porque no momento em que o próprio Presidente do Legislativo não tem o respeito do Presidente do Poder Executivo, o que sobra nas relações dos poderes. Mas como tudo se resolve através do Orçamento Participativo não precisa de Câmara de Vereadores, na tese autoritária, ditatorial, que o PT emprega para administrar Porto Alegre. Eles não estão interessados em democracia, desde que estejam no poder. V. Exa., Ver. Isaac Ainhorn, foi, lamentavelmente, desrespeitado, e eu me senti desrespeitado como V. Exa.

Parabenizo o Parecer do Nobre Ver. Antonio Hohlfeldt, que teve mais visão positiva de enxergar realmente o que está acontecendo. Por tudo isso nós somos contrários ao adiamento e, sim, pela votação imediata do Projeto e a sua rejeição. Muito obrigado. 

(Não revisto pela orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Nereu D’ Ávila está  com a palavra, para encaminhar o Requerimento.

 

O SR. NEREU D’ ÁVILA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver. Ferronato deu um Parecer e afirma, e o Ver. Zuanazzi vai no mesmo caminho, que o Parecer, muito bem fundamentado, da ilustre Procuradora, citando, inclusive, mestres do Direito Constitucional Brasileiro, Pinto Ferreira e outros, equivocou-se no seu alvo. Trata de matéria financeira quando no Projeto não é exatamente do que se trata. Na dúvida, dizem os juristas, nos quais eu me incluo: “in dubio pro reu”. Então, não vejo por que tenhamos que derrotar o pedido de adiamento e, conseqüentemente, o Projeto. Há dúvida, sim. O Ver. Zuanazzi acaba de comprovar essa dúvida, no mesmo caminho que o  Ver. Ferronato. Eu respeito o Ver. Ferronato porque ele é professor de finanças. Eu conheço o Vereador há muitos anos porque fui seu professor, sei do seu empenho, da sua aplicação e sei que ele não daria um Parecer apenas para ser subserviente ao PT. Não coloco essa injustiça nos ombros do nobre Ver. Airto Ferronato. Eu creio que devemos adiar; dar o benefício da dúvida ao Executivo, e sermos convencidos de que nós estamos certos ou estamos equivocados. Mas votar hoje, para mim, seria açodado e acho que nós, com a responsabilidade que temos, não precisamos, ainda mais em caráter extraordinário, sermos açodados. Por isso encaminho pelo adiamento, a favor do adiamento, para que se tenha maior possibilidade de convencimento explícito para, então, derrotarmos, ou não, o referido Projeto. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para esclarecimento, parece-me, o Ofício, assinado por V. Exa., em nome da Mesa Diretora da Casa, foi para solicitar ao Prefeito Tarso Genro que viesse até à Câmara para explicar esse Projeto.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Antes de mais nada, informo a V. Exa que não examinei esses Autos, neste momento estou a examinar e, certamente, deve ser por solicitação de alguma Comissão.

 

O SR. EDI MORELLI: É importante que V. Exa. me responda.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu vou lhe responder, Vereador.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT (Questão de Ordem): Sr. Presidente, querendo colaborar com a Mesa, na condição de Relator da CFOR, houve, de fato, um peido da Comissão de Justiça, para que houvesse esclarecimento e, simultaneamente, houve a expedição do Parecer na medida em que houve o pedido do art. 81, ou seja, se o Processo estivesse tramitado no seu tempo normal, se cumpriria uma diligência a que V. Exa assinava no sentido de pedir a presença de alguém do Executivo Municipal na Casa. Como houve o pedido do art. 81, o pedido da diligência, de uma certa maneira, ficou prejudicado, porque o Projeto entrou com o artigo 81 e entrou na convocação extraordinária.

 

O SR. EDI MORELLI (Questão de Ordem): Sr. Presidente com a colocação do Ver. Antonio Hohlfeldt, acho que, através do art. 81, houve uma negativa à Comissão de Justiça de esclarecimento do Processo.

 

O SR. REGINALDO PUJOL (Questão de Ordem): Sr. Presidente, com a tranqüilidade de quem já manifestou posição contrária ao Projeto de Lei, eu tenho que fazer justiça que o Sr. Secretário da Fazenda esteve aqui presente a convite da Comissão de Justiça, reunido com essa Comissão. Se não tem registro do Processo é porque foi uma reunião de final de tarde, por volta de 18 horas e 30 minutos, que fomos convocados, à última hora, para participar dessa reunião.

 

O SR. PRESIDENTE: Perfeito, Vereador. Uma vez que todos os fatos estão suficientementes esclarecidos, que foram levantados da tribuna da Casa, nós vamos colocar em votação nominal, atendendo ao pedido do Ver. Pedro Ruas. (Após a chamada.) APROVADO o Requerimento do Ver. Henrique Fontana, de adiamento por uma Sessão do PLE 04/96, por 18 votos SIM e 09 votos NÃO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1542/96 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N0 033/96, que desafeta da destinação para área de praça próprio municipal para fins de regularização fundiária através de concessão de direito real de uso (Cosme/Galvão). Com Emendas n0 s 01, 02, 03 e 04.

 

Observações:

- para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 10, VII, da LOM;

- incluído na Ordem do Dia por força do Art. 81 da LOM.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 033/96. O Ver. Dilamar Machado está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Finalmente, depois de uma série de tratativas, esta Casa se encaminha para o momento de tomar uma decisão com relação ao processo encaminhado pelo Executivo, que trata da desafetação da área de uso comum do povo, onde se instala atualmente a chamada Vila Cosme Galvão. Minha posição é clara e definitiva de votar favoravelmente à desafetação. Apenas gostaria de lembrar algum companheiro Vereador, com qualquer tipo de dúvida, que o Projeto não tem vício de origem, ele vem de quem poderia encaminhar, o Executivo do Município. A desafetação é necessária para que se possa conceder o direito real de uso. O direito real de uso não é forma de aquisição do imóvel, não é transmissão de propriedade, é apenas a posse continuada daquelas pessoas, a maioria aqui presentes, que contam com a nossa decisão, para que continuem tendo o direito de morar onde estão, alguns, há vinte anos.

Se tratasse de uma ocupação recente, talvez a nossa posição fosse diversa, porque, caso contrário, teríamos, num futuro próximo, todas as áreas e praças de uso comuns do povo, ocupadas em moradias populares. Mas ali é um problema cimentado, as famílias que ali estão criaram raízes, trabalham nas proximidades, têm seus filhos nas escolas. Crianças que ali nasceram e que hoje são adolescentes têm ali, naquela rua, o seu bairro, a sua própria vida. Não vejo nenhum problema em autorizar o Município a conceder o direito real de uso, pelo contrário; vejo, no final desta Sessão Legislativa, oportunidade para que os Vereadores de Porto Alegre, que sempre se preocuparam com um dos mais brutais problemas da sociedade porto-alegrense, que é a falta de habitação popular, até porque a falência do BNH, e a mudança de rumo do Sistema Financeiro de Habitação, através da Caixa Econômica Federal, tiraram das populações empobrecidas o direito dos conjuntos habitacionais, bem ou mal as COHAB, DEMHAB construíram ao longo dos anos, dezenas de prédios.

O Ver. João Dib quando prefeito, inaugurou muitos na Zona Norte, na Restinga, eu mesmo quando fui diretor do DEMHAB, o companheiro Zanella, o companheiro Pujol, nós tínhamos recursos que hoje não existem, não podemos apontar solução para o problema, gravíssimo, da falta de habitação; agora temos a possibilidade de, através do nosso voto “sim”, cristalizarmos o direito de morar que essa população adquiriu. Eles não receberão nenhum tipo de esmola da Cidade, da Câmara, ou da Prefeitura, apenas terão resguardado o direito de morar onde estão, de ver a sua vila urbanizada, com infra-estrutura, remodelada e adequada. Por que não darmos a essas famílias a alegria que elas merecem? Por isso apelo aos companheiros Vereadores. Claro que todos têm o direito de vir a esta tribuna para discutir e encaminhar as suas propostas, mas que encaminhem no sentido bom, no sentido positivo, para resolver o problema que está na falta de projetos habitacionais.

Temos a oportunidade de resolver a questão dessa quase centena, ou talvez mais de uma centena de famílias que estão ali na Cosme e Galvão. Por isso votarei a favor da desafetação, da concessão do direito real de uso e apelo aos companheiros Vereadores, no sentido de que, se aprovado o Projeto, que não criem nenhum tipo de obstáculo, que seja uma decisão definitiva, madura, pensada, porque esta Casa, num primeiro momento, dava a impressão de que não aprovaria o Projeto. Hoje temos a certeza de que ele será aprovado.

Que o Projeto seja aprovado e que possamos todos nós, Vereadores e moradores da Cosme e Galvão, termos a certeza do dever cumprido e de uma solução que não seja obstaculizada por qualquer manobra regimental, mas que seja uma solução definitiva, porque os moradores que aqui estão, até pela persistência da presença, tenho absoluta convicção, merecem, Ver. João Dib, que lhes entreguemos essa solução, porque ela é justa e, acima de tudo, humana. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Giovani Gregol está  com a palavra, para discutir.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, as pessoas aqui presentes e, especialmente, os moradores da Vila Cosme e Galvão; vários amigos, lideranças do Orçamento Participativo. Falo aqui, porque sou Vereador desta Cidade, porque tenho uma responsabilidade grande sobre o destino desta Cidade e o cumprimento das suas leis, porque sou ecologista e me sinto, também, responsável pela manutenção e melhoria da qualidade de vida da nossa população. Já vou começar o meu discurso, dizendo aquilo que é publicamente conhecido e disse várias vezes, inclusive aos moradores da Vila Cosme Galvão, ou seja, vou votar a favor deste Projeto, porque é um Projeto do Executivo Municipal, apoiado pela Bancada do meu Partido, do qual sou fundador há 18 anos – Partido dos Trabalhadores - , porque assim me pede, orienta-me a Liderança da minha Bancada. Mas não apenas por isso, vou votar a favor deste Projeto, principalmente, porque entendo a reivindicação específica desta comunidade específica, justa, porque se eu a considerasse injusta não haveria pedido do Prefeito, mesmo sendo do meu Partido, não haveria estudo técnico que me convenceria do contrário. Acho que o Vereador deve votar, acima de tudo, no cumprimento das leis, sempre, segundo a sua consciência e o programa do seu Partido.

Estudei no colégio Anchieta, por mais de 15 anos, naquela época, aquela região era praticamente mato. Acompanhei a luta daquelas comunidades que resistiram ao avanço da especulação imobiliária. E o pouco ou quase tudo que restou é a grande parte dos que estão, hoje, na Vila Cosme Galvão. Eles começaram lá – e ajudamos – muito antes do Shopping Iguatemi, antes daquela especulação imobiliária toda. Aliás quero registrar que o Shopping Iguatemi, para quem não sabe, foi um grande crime ecológico, a maneira como ele foi construído, pois ele foi construído sem nenhum estudo de impacto ambiental, em cima das nascentes do Arroio Ubirici, que eu conheci, eu estudava no colégio daquela região, brincávamos e jogávamos bola naqueles lugares, nas adjacências de onde vocês moram. Eu sei que o núcleo desta comunidade, pelo menos, que está, hoje aqui representada por muitos dos seus moradores é anterior, companheira Marion, ao próprio Plano Diretor em vigor.

É por isso que eu voto a favor, não é porque eu ache, como alguns acham, que tenha que se acabar com todas as praças. Não porque eu ache que basta botar uma caixinha numa praça que a caixinha tenha que ficar lá, praticando uma visão que eu acho incorreta, inadequada e, inclusive, muito demagógica, Cel. Pedro Américo Leal, do que é o direito de moradia e do que é o direito social.

Esta comunidade estava lá, ou os seus pais, ou os seus avós, há muitos anos antes dessas leis. E eu vou votar a favor como uma exceção excepcionalíssima. Entendo que a maioria dos Vereadores que vão votar a favor, como eu, votam nessas condições. Nós não podemos criar uma prática, nós não podemos criar uma regra em Porto Alegre: de que todas as praças estão aí para serem invadidas, para serem ocupadas e depois se regulariza tudo porque, senão, amanhã de manhã vamos ter mais 50 praças invadidas; na semana que vem mais 100 e no ano que vem mais 300 praças. O uso de uma praça é para vocês. O uso de uma praça faz parte do direito...

 

O SR. PRESIDENTE: Para concluir, Vereador.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Todo o mundo sabe que morar não é só ter casa; é ter escola, é ter rua, é ter saneamento, é ter praças, porque os ricos têm tudo, têm casa de campo, de praia. O pobre, só pode o seu filho jogar bola nas praças e nas áreas verdes. Então, não podemos permitir que todas elas sejam ocupadas. Nós temos em Porto Alegre, hoje, mais de 100 praças ocupadas. Estamos votando...

 

O SR. PRESIDENTE: Para concluir, Vereador.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: Estamos pedindo o voto, mas em caráter emergencialmente excepcional a esta comunidade, e não fazendo demagogia com o que é social, com o que é especialmente de uso social, que são as áreas verdes. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para discutir o PLE  nº 33/96.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa intervenção no assunto seria dispensável como dispensáveis seriam todas as razões que pudéssemos da tribuna aduzir, eis que a matéria já está madura, dado os debates que vêm se fazendo nesta Casa e que, até certo ponto, angustiam os que aqui estão e os que têm interesse na aprovação desta matéria.

Eu diria, Ver. Giovani Gregol, que não houve invasão de Praça. O que houve foi uma área que era destinada à Praça, um enclave ao longo do tempo, pessoas, grande parte vindas do interior do Estado, empurradas pela falta de reformulações agrárias, também pela monocultura que se fez no Alto Uruguai, que foram afastadas do campo e essas pessoas vieram para Cidade. E, na Cidade, evidentemente, não encontram espaço para morar, não têm trabalhado. E esse homem não tem outra saída senão ir com a sua família se acomodando num determinado lugar e, ali, se constrói o que nós chamamos a Vila, o Vilarejo.

Então, Sr Presidente e Srs. Vereadores, o que se dá com a Cosme e Galvão? É um processo orientado de invasão? Absolutamente, não. É um processo que se fez espontâneo, as pessoas vão chegando, vão construindo os seus casebres, a sua casa, criam a família e ali ficam. E assim foi constituída a Cosme Galvão. O que se pretende? Se pretende desafetar. É preciso desafetar sob pena de não se atingir este Direito Real de Uso. Por que desafetar? Por se tratar de uma área de uso comum do povo. O que é uma área de uso comum do povo? Área de uso comum do povo são as ruas, as praças, os logradouros públicos. Então, a desafetação é um instrumento fundamental para se atingir a permissão que o Poder Público dará aos moradores para que tenham o Direito Real de Uso. O que é ter o Direito Real de Uso? É ter o direito de possuir o seu prédio, seu terreno sem ser turbado, sem ser molestado por quem quer que seja, não só por ações de ordem de particulares, mas também por atos do Poder Público, porque o Poder Público também muitas vezes avança sobre as pessoas, sobre o que as pessoas possuem. E esse instrumento, independentemente dos governos que possam existir e passar, assegura aos moradores o direito real de uso, de usar mansa e pacificamente aquele pedaço, aquele terreninho para viver, direito que é assegurado aos que possuem a propriedade. Muitas vezes é assegurado a quem tem condições. Mas queremos a propriedade para todos.

Sou defensor da propriedade, mas da propriedade para todos. Essa é a grande diferença, porque acho que a pessoa tendo a propriedade, pela própria natureza ela vai cuidar do seu espaço, vai construir, vai defender quem tenta lhe turbar. Acho um excelente Projeto. Sou contrário ao desenraizamento sociológico, ou seja, tirar, muitas vezes, as pessoas de um determinado ambiente sociológico onde elas vivem, e levá-las para outras áreas, tanto quanto o possível, temos que deixar as pessoas onde se encontram. O que temos que fazer é melhorar as suas condições de habitação, de teto, de atendimento, com todos os recursos necessários para que as pessoas possam viver dignamente.

Não falo em nome do Ver. João Dib, mas tenho um apreço e uma admiração muito grande por ele. Tive a honra, quando Líder da oposição, o Ver. João Dib era Prefeito, sou Vereador de quatro legislaturas, de receber a medalha “Cidade de Porto Alegre” e tenho uma admiração enorme pelo Ver. João Dib. O seu zelo com este processo não vai implicar, de forma nenhuma, que ele vote contra, porque ele é um homem sensível a estas causas, embora tenha todo um zelo que nós louvamos. Vou arriscar aqui, da tribuna, um palpite: este projeto vai ser votado por unanimidade, porque não estamos fazendo nada mais, nós, Câmara Municipal, Prefeito Municipal, do que um dever, um dever de civilidade, um dever cristão no sentido de dar um mínimo para essas pessoas. Eu acho que nós devemos avançar para que, amanhã ou depois, possamos, através da lei, dos mecanismos legais, chegar lá com as escrituras de propriedade e dizer: “Olha, Sr. Antonio, Sr. João, está aqui o seu título de propriedade. Esta propriedade lhe pertence. Defenda-a! Faça bom uso dela”. Este, eu acho que é melhor sentido, porque assim nós estamos fazendo pátria. É desta forma que nós estamos fazendo nação. É desta forma que nós estamos construindo o futuro deste País.

Fica aqui a nossa manifestação apenas para o registro nos Anais, porque dispensável seria qualquer argumentação, dizer que a matéria percorre os trâmites legais, dizer que, para atingir a concessão do Direito Real de Uso, é necessário desafetar por se tratar de um bem público. Isso seriam coisas óbvias. Também entendo que, quando estiverem em jogo dois valores, os valores sociais e outros valores, eu sempre ficarei com o valor social. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. A Mesa apregoa a Subemenda nº 1 à Emenda nº 3 ao PLE n0 33/96 da lavra do Ver. Jocelin Azambuja, abonada pelo Ver. Luiz Braz, Parágrafo Único ao art. 40. (Lê.) “A desafetação só se dará aos moradores da área relacionada às folhas 18 e 19 do processo, excetuadas aquelas que não se encontram nas condições referidas no caput do artigo.”

Está com a palavra o Ver. João Dib para discutir o PLE 33/96.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não é absolutamente agradável falar para um Plenário vazio e defender uma convicção. O homem público, acima de todas as coisas, deve ter coerência, deve ter sensibilidade, mas ele não pode dispensar a responsabilidade. O Legislador não deve esquecer que lei deve ser clara, precisa, concisa e respeitada. É para isso que existe esta Câmara, para que as leis sejam respeitadas. Não tenho nada contra este ou aquele cidadão porto-alegrense, mas tenho tudo contra a má aplicação da lei e é por isso que este País vai mal, porque todo mundo faz lei e ninguém lembra quando ela deve ser respeitada. Quando não se respeita a Constituição de um País, quando não se respeita a Lei Orgânica de um Município, não há muito a ser esperado para que as coisas do Município andem bem.

Tenho dito reiteradas vezes que não vou aprovar determinadas coisas que aqui ocorrem e que, se fossem de outros partidos, seriam safadezas, roubo, enriquecimento ilícito, superfaturamento, como aconteceu com o Jardim Leopoldina, onde os moradores passam mal e que, em uma conclusão assinada por deputados, ex-prefeitos, há que se notar que a venda realizada pelos preços aqui preconizados não atenderiam nem aos interesses das empresas proprietárias e nem aos dos agentes financeiros, eis que o produto obtido não seria suficiente à cobertura do débito hipotecário corrigido segundo as normas do Sistema Financeiro de Habitação. Isso é lesão aos cofres públicos, mas mais do que isso, é lesão aos que invadiram os apartamentos do Leopoldina II, que hoje terão que pagar os valores que o Dr. Tarso acertou com a empresa Guerino e acertou comprar pelo dobro do preço e nós, tolamente, na base da emoção, aprovamos por unanimidade.

Eu poderia fazer o que o Ver. Vieira da Cunha fez aqui quando, cinematograficamente, rasgou a Lei Orgânica, porque não tem mais o que fazer. E o nobre Ver. Elói Guimarães, a quem tributo respeito, como tributo aos demais, pensa que sou capaz de mudar. Não tenho nada contra ninguém; quero que todos vivam bem, mas, se isso não ocorrer dentro da lei, a situação ficará muito difícil. Um dia, tiramos de um grupo e damos a outro; depois, vamos tirando e falta para todos.

Evidentemente, quando me coloco desta forma, o faço porque analisei. Havia um Parecer do nobre e douto Ver. Pedro Ruas, sobre o qual eu ficava imensamente preocupado. Tenho até o orgulho de ter analisado um Parecer, cujas considerações dispendi, pelo nobre Ver. Pedro Ruas. Só que, não sendo jurista, sou obrigado a raciocinar como engenheiro. Ele usa, aqui, o mesmo exemplo que usei quando disse que o art. 192 da Lei Orgânica, que o Projeto trata de desafetação de área. Não disse que era inviável; disse que pode. Mas o jurista, que ele e eu citamos, disse que tinha que haver, após, licitação. A própria Lei n0 242 dispensa de licitação – e o Prefeito não vetou... Mas não vetou, porque havia vetado o art. 20. Quando ele vetou e a Câmara aceitou o art. 20, todas as condições da Lei mudaram. É claro que há o art. 192, o 236 e o 238, que dizem que não pode fazer. Mas tudo bem. Vamos rasgar a Lei Orgânica, porque – é o que já prenunciou o Ver. Elói Guimarães – vai ser aprovado por unanimidade, com uma exceção.

Pelo menos eu não voto favoravelmente, porque o Prefeito de Porto Alegre, contrariando a Lei Orgânica e desrespeitando esta Casa mais uma vez, já assinou o contrato de financiamento. Isso está escrito, com todas as letras, no inc. X do art. 94 da Lei Orgânica. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Sr. 20 Secretário assuma a Presidência dos trabalhos por alguns minutos.

O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a Câmara foi convocada extraordinariamente inclusive para votar a desafetação da área da Cosme Galvão. Esse é o primeiro passo para uma posterior destinação, que foi antecipada, concessão do Direito Real de Uso para aqueles moradores que estão enquadrados no art. 20 das disposições transitórias da LOM. Quero dizer que não estamos discutindo outra coisa e nem vamos votar outra coisa senão a desafetação da área, que é a preliminar para que depois se faça a concessão do Direito Real de Uso, e os moradores daquela área têm direito a isso, porque lá residiam antes de 31/01/89. O que a Prefeitura quer com isso? Embora tardiamente, na minha opinião, e tenho manifestado isso aqui, quer assegurar à população o direito de continuar morando ali, onde há 10, 15, 20, 40 anos residem, constituíram os seus lares, faz parte da sua vida. Isso, e última instância, é o direito que nós queremos assegurar, de cada um morar, nesta Cidade, onde lhe convier, e onde puder, onde tiver direito. É o direito de cidadania.

Não queremos enxotar ninguém de lugar nenhum. E cito o exemplo da Cosme Galvão, que convive ao lado do Country Club, que é um espaço privilegiado da Cidade, não há nenhum interesse e nem passa pela cabeça de ninguém dizer que a área do Country Club é ociosa, que serve a uma determinada camada da sociedade. Não! Essa camada da sociedade tem direitos. Vocês também têm direitos. E é isso que se quer assegurar. E acho que é enganosa a proposta sub-reptícia de que se usasse a área da Cosme e Galvão para venda e transformar este dinheiro em outro conjunto residencial ou na preparação de uma outra área residencial fora daquele local, distante daquele local. Isso já foi usado, e muito, nesta Cidade. As populações estão sendo empurradas para a periferia. Arranjem como puderem. Nós temos outra visão da Cidade. Nós achamos que todos os cidadãos que residem nestes locais – isso aconteceu na Vila Planetário, está acontecendo na Vila Cosme e Galvão e existem “n” locais onde se vai aplicar esse dispositivo – devem ter a garantia de permanecer lá, onde nasceram e criaram os seus filhos, onde vivem, onde têm suas áreas de lazer, têm suas escolas, igrejas, seus pontos de abastecimento, todas essas coisas que fazem a vida de cada um que vive na Cidade.

A Cidade tem uma importância muito grande para todos os cidadãos e ela deve ser igual para todos. Por isso que o nosso “slogan” “Porto Alegre uma Cidade para todos” se configura mais uma vez no procedimento que esta Casa vai adotar, num primeiro passo, desafetando a área da praça e, num segundo passo, fazendo isso que a Prefeitura já está anunciando: transformando isso na Concessão Real de Uso por trinta anos, sem dar a posse definitiva, sem que esta propriedade possa ser transmitida, mesmo por herança. Por isso acho que a Casa vai adotar este procedimento: vai aprovar o Projeto para tranqüilizar todos, que é o espírito original do artigo 10 da Lei Orgânica do Município. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Com a palavra, pela ordem de inscrição, Ver. Raul Carrion. 

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores; amigos presentes da Cosme e Galvão; lideranças da  região que os acompanham. Em primeiro lugar, gostaríamos de dizer que consideramos quase desnecessário usar da palavra, visto quantas vezes aqui já manifestamos a nossa postura. Mas o silêncio seria algo incompreendido neste momento.

Reiteramos que para nós esse processo é tardio; mas, ao mesmo tempo, que é meritório que hoje a Prefeitura, finalmente, desafete a área para conceder o Direito Real de Uso.

Não vou entrar mais no mérito técnico da questão, pois acho que esse mérito já está plenamente esclarecido.

Eu gostaria de entrar com mais profundidade no debate ideológico que está no fundo da longa tramitação desse processo. A primeira questão que eu levanto é a seguinte: por que está mais difícil a desafetação da Cosme e Galvão do que a da Vila Brasília e a da Vila Jardim? Por que o Ver. Dib tão ferrenhamente...

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte?

 

O SR. RAUL CARRION: Não tenho condições, Ver. Dib; o tempo é curto para tudo o que vou dizer.

 

O Sr. João Dib: Então não use o meu nome, até por ética.

 

O SR. RAUL CARRION: Por que alguns Vereadores usam todos os recursos – sabendo que são meramente protelatórios – com relação à Cosme e Galvão? São motivos políticos e ideológicos que estão por trás! Não são razões técnicas, regimentais da Lei Orgânica ou da Constituição... Tudo isso é um biombo, atrás do qual se escondem os interesses ideológicos e políticos! E quais são eles? Primeiro, a visão de que o povo pobre não tem o direito de morar em uma área nobre da Cidade. Da mesma forma que criticavam que a Vila Planetária fosse regularizada ali onde se encontrava. Tem que ser na periferia! Ali é área para rico, é área do Country Club... Ali é área que a ENCOL quer construir... E todos são sabedores que a ENCOL quer que vocês vendam um pedacinho de terra; que a ENCOL já foi até à Prefeitura pedir para comprar a área. O resto é “conversa fiada”, é tentar esconder a verdade de vocês!

E, aí, eu quero chamar atenção à Emenda n0 4, que é um “canto de sereia” que diz para vocês: “em vez do Direito Real de Uso – garantido por 30 anos e depois por mais 30 anos – sejam donos da terrinha; sejam proprietários...” Que coisa linda! Estão preocupados com que o pobre seja proprietário! Dá para desconfiar...

Na verdade, esse “canto de sereia” é porque se vocês forem proprietários, eu pergunto: com essa política econômica de miséria para o povo, qual de vocês vai resistir à ENCOL? Qual? No desemprego, na dificuldade? Então, se não for possível agora, que seja daqui a cinco anos! Porque aí vocês serão “doninhos” do título de propriedade por poucos meses porque logo a oferta dos interesses imobiliários vai expulsar a pobreza para longe! Porque eles têm é medo de vocês. Eles acham que o pobre é ladrão! Mas, se vocês fossem ladrões, vocês estavam comprando as suas moradias na Carlos Gomes, nos bairros ricos! Porque os grandes ladrões que exploram o povo, que exploram a nação, estabelecem-se nos bairros chiques desta Cidade.

Então, perceba, e é este o centro da intervenção hoje: não é problema de “filigrana”, da Constituição; não é leizinha daqui, leizinha dacolá... No fundo é isso. Mas falta a coragem de dizer a verdade.

Por isso, o PC do B sempre fiel ao povo explorado, ao povo oprimido, defende esse Projeto; tardio, mas “antes tarde do que nunca.” Encaminha contra a Emenda n0 4 que, na verdade, é um “canto de sereia” que levará vocês – na dificuldade – a serem corridos para as periferias da Cidade.

É essa a discussão que o PC do B traz; e, se for preciso, encaminhará de novo o mesmo Projeto. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. Antes de passarmos a palavra para o próximo orador, nós queremos advertir ao público que nos honra com a presença que o Regimento Interno da Casa não permite manifestação de aplauso ou de vaia aos pronunciamentos dos Vereadores na tribuna. Peço a obediência desse critério, a fim de que tenhamos um encaminhamento tranqüilo desse processo de votação que está despertando o interesse de todos os presentes.

O Ver. Jocelin Azambuja está com a palavra, para discutir o PLE n0 33/96.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, comunidade da Cosme Galvão. Nós já estamos discutindo há bastante tempo esse processo. Já foi motivo de várias preocupações por parte de todos nós. É evidente que todos nós queremos buscar a regularização dos problemas que existem na nossa Cidade, das situações irregulares, dos assentamentos irregulares, das áreas invadidas e de tudo o mais. Só que as coisas têm que ser feitas de forma honesta, séria, justa, correta, que defenda o interesse de todos e não de uma minoria.

Então, levantei, durante as discussões das Sessões normais desta Casa, uma relação das pessoas que estão há mais de 20 anos, que lá moram, residem, fazem desenvolver suas famílias e tudo o mais.

Mas verificamos, também, que há pessoas que não merecem, que têm áreas demasiadas; há 22 pessoas, na relação de 63, que possuem mais de 150m2 de área. E a Lei Orgânica é muito clara: até 150m2 de área pode ser regularizado, acima disso não, porque aí é enriquecimento ilícito, alguns enriquecendo às custas dos outros, ou seja, alguns tendo mais benefícios que outros.

Então, fizemos a Emenda nº 3 para preservar o respeito à Lei Orgânica do Município e para as pessoas que lá estão há tantos anos e que têm o direito sobre as suas áreas, e que vamos consagrar esse direito votando favoravelmente, mas que seja preservado o princípio legal, até 150m2 de área.

E fizemos uma Subemenda à Emenda nº 3, que é no sentido de só reconhecer aqueles que aqui estão relacionados no processo, relacionados oficialmente pelo Governo Municipal, pelo Departamento Municipal de Habitação. Quem chegou depois, quem está fora da legislação, não, aí não pode.

Então, fizemos uma Subemenda excluindo, logicamente, aqueles 22 que não estão de acordo com a Lei, quem têm mais de 150m2 de área. Eu aprovo a regularização da área dos senhores, mas para quem tem até 150m2 e está cadastrado e foi formalizado no Processo. Quem não está formalizado não pode ter o direito, e nós, aqui da Câmara de Vereadores, não podemos dar direito a quem não tem. Acredito que o Ver. Lauro Hagemann, que é cioso das suas responsabilidades, como a Bancada governista e todas as Bancadas desta Casa, vão ter a preocupação de dar o título a quem tem direito e não para quem apareceu de repente ou que tem área superior àquilo que a Lei Orgânica determina. Dentro desse princípio espero que a minha Emenda e a Subemenda sejam aprovadas, porque o documento oficial, que diz quem é quem, está aqui, e aqui estão as pessoas que têm direito à área, mas os outros vinte e dois, que tem mais de 150m2, a esses não posso votar a favor, porque a Lei não me permite isso. A Lei me permite fazer 150m2 para cada um, mas àqueles que estão aqui relacionados.

Para concluir, quero dizer que o que é justo é justo. Aqueles que têm direito devem receber e os que não têm, não mesmo. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. AIRTO FERRONATO (Requerimento): Na última Sessão eu havia pedido Renovação de Votação do PLE n0 3/96. Até porque não foi aprovado o art. 20 daquele Projeto. Em razão de estarmos em período de Convocação Extraordinária, e os trâmites do Projeto demorariam, estou retirando o Requerimento.

 

O SR. PRESIDENTE:. Solicito que V. Exa. encaminhe à Mesa, para os trâmites regimentais.

Sobre a mesa Emenda n0 5, de autoria do Ver. Artur Zanella. (Lê o teor da Emenda n0 5.)

O Ver. Artur Zanella está com a palavra para discutir o PLE 33/96.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Eu pretendia fazer uma análise do Projeto da Emenda, mas infelizmente eu tenho que fazer primeiro uma análise do discurso do Ver. Carrion. O Ver. Carrion, falando sobre a Emenda n0 4, que já havia sido retirada, diz que era um “canto de sereia” e que “as pessoas que pensavam nisso e moravam perto da Carlos Gomes eram ladrões”. Infelizmente, eu vou ter que perder um minuto do meu precioso tempo para dizer que o Ver. Raul Carrion nunca morou na Cosme e Galvão, nem perto. Se eu me lembro, a família Carrion sempre morou perto do Leopoldina Juvenil, e se não me engano, o seu pai, Professor Francisco Machado Carrion, que foi meu professor, morava perto do Clube, e não era ladrão. Eu comprei a minha casa com o meu dinheiro de funcionário público estadual e não sei como é que o Ver. Raul Carrion comprou as coisas dele. Digo a V. Exa. que a família Carrion não é de ladrões e moram bem, sempre moraram bem. O Ver. Raul Carrion sempre morou muito bem e nunca abriu mão de nada de suas coisas em prol de ninguém. Eu estou citando o nome de V. Exa., de seu pai e de seus parentes que sempre moraram bem em todos os partidos que se distribuíram neste Estado. O meu querido amigo Carrion Júnior, meu colega de aula, um cara que sempre admiro, não merece V. Exa. aqui nesta Casa.

 

O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 16h36min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h37min): Estão reabertos os trabalhos.

Antes de conceder a Questão de Ordem requerida pelo Ver. Raul Carrion, quero justificar que a Sessão foi interrompida regimentalmente, tendo em vista se assegurar o bom andamento dos trabalhos, respeitadas as normas regimentais, eu faria um apelo a todos os Vereadores presentes, tendo em vista que sou o 20 Secretário da Casa, 40 na ordem de hierarquia, ocasionalmente presidindo, de que nós tenhamos uma discussão adequada, dada a importância do tema relevante que está sendo objeto da discussão que ocorre na Casa.

 

O SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): Sr. Presidente, é desnecessária a preocupação de V. Exa. de interromper a Sessão, porque este Vereador tem suficiente experiência de vida para entender quando atinge o alvo, o desespero e a atitude incorreta das pessoas que não têm equilíbrio mental e equilíbrio temperamental. Nós queríamos pedir, não ao orador, mas a V. Exa. que mande retirar as palavras ofensivas, provocativas, caluniosas do orador. É somente isso. O demais nós trataremos no devido momento. Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu vou advertir mais uma vez o público presente, que ele não deve se manifestar nem em um sentido, nem no outro. É o Regimento da Casa que estou cumprindo. Eu quero assegurar por mais três minutos a palavra ao Ver. Artur Zanella e, atendendo ao seu Requerimento, e, da mesma forma, acolhendo a Questão de Ordem, em parte, suscitada pelo Ver. Carrion, peço à Taquigrafia para retirar os termos não recomendáveis que, na empolgação, foram proferidos pelo Ver. Artur Zanella. Mais uma vez, solicito aos Vereadores, porque eu não terei dúvida de suspender novamente os trabalhos. Eu suspendo novamente a Sessão por falta de clima para a sua realização.

 

(Os trabalhos foram suspensos às 16h40min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 16h41min):. Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Artur Zanella tem três minutos para concluir o seu pronunciamento.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, solicitei que retirassem o “idiota”, talvez ficasse melhor “muito esperto”. Quero dizer para quem não estava aqui na segunda-feira que, quando se precisou do 170 voto para aprovar o Projeto anterior, foram na minha sala buscar-me, votei e foi aprovado o Projeto, porque não passaria.

O que eu digo, e vou dizer novamente, é que eu fui Diretor-Geral do DEMHAB durante 5 anos e naquele tempo eu devo ter vendido para pessoas pobres cerca de 7 a 10 mil contratos e elas foram e são proprietárias. Eu ia começar por onde ele tinha terminado, o Ver. Lauro Hagemann, pois o terreno que será passado para essas pessoas fica da Prefeitura e não é transmitido nem por herança! E é isso que eu acho injusto. Acho injusto as pessoas construírem suas casas no terreno, injusto colocarem lá dentro todas as suas economias e não serem donas de nada, enquanto o morador da Vila Restinga, da Vila Santa Anita, que é muito rica, perto do Grêmio, essas pessoas, quando pagam ficam de donas de seus terrenos e esses senhores não vão ficar. E dei um prazo de 5 anos para que os senhores peçam a compra. Acho que o Ver. Raul Carrion não leu. Ele disse que pode solicitar. Não é obrigado. Solicita quem quer. Agora, se a ENCOL quer comprar, eu não sei. Se há pessoa que foi prejudicada pela ENCOL, nesta Cidade, fui eu, porque na minha área, que não podia construir 3 pisos, a ENCOL comprou ao lado uma praça desafetada e construiu um prédio de 12 ou 14 andares.

E isso é o que eu queria tentar dizer, que a desafetação não obriga a Concessão Real de Uso. Já foram desafetados inúmeros terrenos nesta Cidade e vendidos para pessoas, para firmas, para clube de futebol e outros. Aqueles que quiserem se transferir, que melhorarem de vida, que vendam, que deixem para os seus filhos e, quando surgir a pergunta em uma firma: “O senhor tem bens para garantir a sua prestação?”, a resposta será: “Sim, moro em tal lugar e estou comprando”. Os senhores não terão esse direito. Terá um grupo de pessoas em Porto Alegre, que não são só os senhores, a Vila Planetário também, que ficarão 30, 40, 50 anos arrumando as suas casas e não serão donos de nada. É por esse motivo a minha Emenda, que certamente vai perder.

Estou dizendo isso nos três processos. O processo de hoje é melhor, é lá do Country Club, as pessoas gostam de falar, mas quando são os coitados lá da Vila Brasília, tinha dezesseis Vereadores aqui, só. Então, o Ver. Artur Zanella teve que ir lá votar para contar dezessete. Fui eleito três vezes, já que o Ver. Raul Carrion quer saber o meu partido. Eu fui eleito, o Ver. Raul Carrion não foi. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): O Sr. Airto Ferronato está com a palavra.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este Projeto tem tido um debate bastante prolongado aqui na Câmara e, aliás, aqui tratamos de três projetos que têm o mesmo sentido.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Votarei a favor deste Projeto, como já votei a favor dos outros dois.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Eu ia dizer exatamente que o Ver. Artur Zanella votou favorável aos outros dois Projetos e eu também. Eu morei na região, como já foi dito aqui, exatamente no quadrado em que desafetamos a área, na 2a. feira, na Vila Jardim. Conheço a situação das três áreas, elas são idênticas, nós aí nunca tivemos praças, tivemos moradores e, precisamos agora desafetar essas áreas para que os moradores dessa região tenham condições de se estabelecerem ali com a segurança de que essa área lhes pertença. Coisas que a Câmara Municipal de Porto Alegre criou a partir da Lei Orgânica e que, agora, o Prefeito está dando a seqüência necessária.

As Emendas têm alguns defeitos, vou votar contra a Emenda do Ver. Artur Zanella. A Emenda n0 4, do Ver. Jocelin Azambuja, está errada a partir da redação. A redação diz que se enquadraria no direito real de uso quem tem 150 metros, e aqueles que não atendam essas condições, embora relacionados no processo, não teriam direito real de uso. Essa Emenda não pode ser aprovada, porque vai prejudicar moradores da área. A situação dos 150 metros é regulada pela Lei Orgânica, por Lei Complementar, ela não se altera, ou seja, incluir que é 150 metros, ou não, é a mesma coisa. Se aprovarmos a Emenda, deixaríamos pequenas nesgas de terras sem desafetação, o que traria problemas para a regularização da área toda.

É importante a tese “Uma Cidade para todos”, assim como no Governo do Estado “Um Estado para todos”, todos nós queremos e lutamos por melhores condições de vida para o cidadão. Eu tenho 8 anos de Câmara Municipal, fui Relator dessa matéria, vou votar como sempre votei, toda vez que vamos votar algo que possibilitará melhoria de vida para nosso cidadão, especialmente na área de habitação, sempre votei e votarei favorável. Por isso, voto favorável ao Projeto. Voto contrário às Emendas, em especial às de números 4 e 5 porque, como disse, a Emenda número 4 poderá prejudicar os moradores dessa Região. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Requerimento do Ver. João Dib que solicita Renovação de Votação, conforme justificativa, ao Processo n0 1543/96,  PLE n0 34/96.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, para tomar uma decisão final sobre esse assunto, com relação a Renovação de Votação, nós iremos cair novamente na situação de que se é na Sessão Ordinária seguinte, ou pode ser em Sessão Extraordinária. Peço que a nossa Auditoria nos dê um Parecer, por escrito, porque o que vai ocorrer, futuramente, é que quem quiser atrasar uma votação qualquer é só pedir a Renovação de Votação que esta ficará para agosto. Já que estão fazendo uma Convocação Extraordinária, que renovem agora.

 

O SR. PRESIDENTE: A sua preocupação também foi a deste Presidente. Eu consultei a Assessoria Legislativa que me informou que será na primeira Sessão de agosto. A Assessoria está me dizendo agora que não disse isso, que o Presidente é que entendeu dessa maneira. Nós vamos consultar a Assessoria Legislativa.

 

O SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): Solicito, oficialmente, as notas taquigráficas do pronunciamento do Ver. Artur Zanella.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Zanella terá que liberar.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): As notas taquigráficas estão à disposição, depois de revisadas.

 

O SR. RAUL CARRION (Questão de Ordem): Por enquanto estou solicitando somente as notas.

 

O SR. PRESIDENTE: Estão liberadas, Ver. Raul Carrion.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Henrique Fontana está com a palavra, para discutir o PLE  33/96.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Senhora e Senhores que acompanham a nossa Sessão. O que estamos debatendo, hoje à tarde, na Câmara de Vereadores, tem a ver com uma concepção a respeito do Uso do Solo Urbano.

Entendemos e queremos reforçar o argumento colocado pelo Ver. Giovani Gregol, e é lógico que a Cidade precisa, demanda, requer um número adequado de áreas verdes. Queremos que a Porto Alegre do futuro tenha todas as áreas verdes que a sua população necessita. Mas, quando estamos discutindo a regularização fundiária e a concessão do Direito Real de Uso de áreas que estavam determinadas há muitos anos para serem praças no futuro, mas que, hoje, de fato já têm o uso social identificado, que é o uso de habitação popular, entendemos que quer retroceder ao passado seria apostar numa crise social sem precedentes, dentro do espaço urbano. Se as milhares e milhares de famílias, que ao longo da história da nossa Cidade, foram, literalmente, empurradas para áreas ditas irregulares, fossem como num passe de mágica, de uma hora para outra, submetidas à letra fria de uma lei que, eventualmente, demandassem a desocupação dessas áreas, teríamos o caos social na Cidade de Porto Alegre, não só na nossa Cidade, mas em qualquer grande cidade deste País. E uma das questões fundamentais que tem que nortear a posição dos legisladores, dos agentes políticos, da sociedade é a sensibilidade social. Aqui, queremos fazer uma remarcação, entre aquilo que muitas vezes está escrito na letra fria da lei e o que demanda a sensibilidade social dos legisladores, dos agentes políticos, da sociedade. Aliás, é importante questionar que o império da lei e a letra fria da lei não são reivindicados a todo o momento pelas elites do nosso País, quando, por exemplo, far-se-ia cumprir apenas uma lei e vou citá-la, aqui, é a lei que diz: A saúde é direito de todos e dever do estado. Por que o descumprimento dessa lei não gera tanta polêmica na sociedade como algumas outras leis?

Existe uma segunda lei, também, que está escrita na Constituição Federal, é a lei que garante o salário mínimo e o que o salário mínimo deveria permitir aos trabalhadores que o recebem, comprem e garantam, em termos de qualidade de vida, o mínimo possível.

 

O Sr. Airto Ferronato: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu peço desculpas, eu não estava acompanhando muito bem o seu raciocínio, mas pelo que eu estou entendendo V. Exa. está fazendo algumas críticas ao Governador do Estado?

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Não, V. Exa., talvez, no calor pré-eleitoral, no afã de defender seu Partido chegou a enxergar críticas onde não existe.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Henrique Fontana, com a tranqüilidade de quem muitas vezes foi a esta tribuna para reclamar, do salário mínimo e da saúde e do desrespeito à Constituição, é que eu tenho me pronunciado: nós aqui estamos fazendo exatamente aquilo que criticamos.

 

O SR. HENRIQUE FONTANA: Ver. Dib, eu não partilho da opinião de V. Exa. Eu acho que tudo que estamos fazendo, e é a opinião da nossa Bancada, está estritamente dentro da Lei, tudo o que estamos debatendo hoje de tarde, tudo o que será votado daqui a minutos, está dentro da Lei. Mas eu questionei isso porque, de fato, quando a Lei beneficia os fracos, quando a Lei beneficia os pobres, quando a Lei beneficia os excluídos, ela não é invocada com o mesmo rigor do que quando ela beneficia os ricos, do que quando ela beneficia os poderosos. Esse é um debate que a sociedade brasileira tem que fazer. A Lei não é algo neutro! A Lei, muitas vezes, ela é utilizada para garantir direitos dos privilegiados e é utilizada para suprimir direitos daqueles que são excluídos socialmente.

Portanto, sempre que se fala do império da lei como algo totalmente neutro, nós temos que questionar. Não é verdade, nós queremos urgência para o cumprimento da lei do salário mínimo; nós queremos urgência para o cumprimento da lei que garante saúde a todos os brasileiros. Essas leis são as mais urgentes, do ponto de vista do interesse da imensa maioria do povo brasileiro. Mas algumas outras leis que não são do interesse dos pequenos, que não são do interesse dos excluídos, essas, sim, são reivindicadas a todo o momento para garantir o privilégio daqueles que até hoje detiveram as maiorias que construíram as leis. As leis, é importante que se diga – e aqui faço um debate com o Ver. João Dib - , elas foram construídas por homens que têm opiniões e posições ideológicas diferentes. Portanto, as leis não são imutáveis, a sociedade ao evoluir modificará as leis. E, hoje, por exemplo, se esta Câmara de Vereadores desafetar esta área, como nós esperamos que desafete, para garantir o Direito Real de Uso da população que reside na Cosme e Galvão, ela estará estabelecendo uma alteração na Lei que garante direitos sociais, que faz avançar a justiça social.

Por isso, nós da Bancada do PT, defendemos a aprovação deste Projeto e defendemos a concessão do Direito Real de Uso para as famílias que residem na Cosme e Galvão. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que estamos discutindo, aqui, é o reflexo de problemas sociais de natureza histórica, estrutural, que acontece em Porto Alegre como acontece em todas as grandes cidades brasileiras devido a esse processo anômalo de desenvolvimento urbano, que o Ver. Elói Guimarães já abordou. E uma conseqüência é que cria duas situações, duas cidades, uma cidade formal e uma cidade informal, aonde, muitas vezes, a própria legislação tem que inovar. E a Lei Orgânica, inclusive, inovou, Ver. João Dib, e eu vou aceitar o debate em cima da Lei Orgânica.

O artigo 200 da Lei Orgânica, nos seus três parágrafos, ela fala a todo momento na necessidade de garantir a função social da propriedade. E o artigo 30, inciso 70, diz: “promover a democratização da ocupação, o uso e a posse do solo urbano”. Que é exatamente o que o que nós estamos fazendo com todos esses Projetos, inclusive esse da Cosme e Galvão. A Lei nº 242 que disciplinou uma coisa que já é apontada na Lei Orgânica do Município, que é o Direito Real de Uso. Então, do ponto de vista legal da Lei Orgânica, o que nós estamos fazendo aqui é viabilizar o que está escrito na Lei Orgânica.

Como vários Vereadores já disseram, eu quero dizer que têm algumas Emendas que me preocupam. As Emendas nºs 1 e 2 são problemas. A Emenda  n0 3 é perversa aos interesses dos moradores. Por que uma Emenda é perversa aos interesses dos moradores? Ela é perversa e tecnicamente inviável e ilegal. Ela contraria o parágrafo 10 do artigo 10 das Disposições Transitórias e diz que todo aquele que até o dia 31 de janeiro de 1989, não tivesse outra moradia e estivesse ocupando uma área tem Direito Real de Uso assegurado. O que a Emenda faz? Aqueles que passaram de 150 metros estão excluídos do Direito Real de Uso. Contraria as Disposições Transitórias da Lei Orgânica do Município. É ilegal. É tecnicamente inviável porque no Processo de urbanização daquela área, que é a etapa seguinte, a desafetação, vamos precisar de todos esses excessos para poder organizar a vila. Vamos precisar e não deixar nesgas, como bem colocou o Ver. Airto Ferronato, e fazer algumas ruas, ou coisa do gênero para aumentar aqueles terrenos muito pequenos, que não dá para construir nem uma casinha para o cachorro. Vamos ter que reparcelar o solo. Essa Emenda é perversa porque retira, expulsa aquelas pessoas que têm mais de 150 metros e não  destina a área que sobra para fazer um reparcelamento do solo. Então, ela é tecnicamente inviável, e vai criar uma coisa esdrúxula. Ela e a Subemenda, que são a mesma coisa, vem exatamente complicar o processo e prejudicar os moradores, não só aqueles que vão ser expulsos, mas prejudicar o conjunto, porque não poderão dispor dos excessos para poder arrumar a vila. 

 

 O Sr. Dilamar Machado: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) A Emenda n0 1, do Ver. Henrique Fontana, se aprovada, prejudica definitivamente a Emenda.

 

O SR. JOSÉ VALDIR: Agradeço o seu aparte esclarecedor. A Emenda do Ver. Zanella coloca o Direito Real de Uso, de uma certa forma, provisória, até pagar tantas prestações e depois não tem mais Direito Real de Uso. É uma Emenda que, além de tudo, também tem problemas de ilegalidade porque fere a Lei Orgânica no parágrafo 10 das Disposições Transitórias.

Para mim esse Projeto tem que ser aprovado com as Emendas nºs 1 e 2. As Emendas nºs 3 e 5 têm que ser rejeitadas, especialmente a 3, porque a 4 já foi retirada. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. O Ver. Paulo Brum cede o seu tempo ao Ver. João Dib. Com a palavra o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é difícil ter convicções podem ser amparadas num passado, podem ser documentadas num passado.

Eu sou um homem coerente. Eu gosto da lei, assim como o nobre Ver. Henrique Fontana dizia que as leis são mutáveis, que precisam e devem ser modificadas de acordo com o interesse social. Eu não tenho nada contra o fato de que as leis sejam modificadas, agora, tenho tudo a favor de que as leis devam ser respeitadas. Então, modifique-se a Lei Orgânica, o art. 192, o art. 236 que diz que: “Área de praça ou área verde não pode ser tocada”. Agora, Disposição Transitória, que também não foi cumprida e se lá tem um prazo de 180 dias, não tem mais nada. Por que é transitória? Transitória, passa. Tem um prazo de 180 dias. Não vou discutir estas coisas, eu sei o resultado que vai acontecer. Agora, eu não poderia permitir que na minha presença tudo fosse dito e as coisas acontecessem tranqüilamente. Eu não tenho nada contra aqueles que hoje estão mal de vida, não, mas tem gente lá com sobrado, com fábrica, com loja, com automóveis de luxo, com telefone.

Então, não vamos nivelar todos, no caso aqui. Eu trato todos os três casos como absolutamente irregulares, como absolutamente incorretos, porque eu lembro aqui o processo do Jardim Leopoldina, que a construtora Guerino estava mal, não podia acertar os seus problemas, o Estado não quis acertar, a Prefeitura que é muito rica acertou. O Ver. Henrique Fontana com o carinho que tem pela saúde diz que todos têm direito à saúde e o Estado é o responsável por este direito. Eu sempre digo que o direito nasce do dever. Era melhor dizer quem tem o dever de fazer as coisas do que dizer a quem se deve dar direitos. Se nós cumprirmos o nosso dever, tudo fica muito fácil, ninguém precisa se preocupar com o direito. Mas, veja, Ver. Henrique Fontana, que V. Exa., com o carinho e o respeito que tenho por V. Exa., falou no SUS, falou na saúde. Por que o Município que gasta 4 milhões de dólares, em 6 meses, com propaganda, em rádio, televisão e jornal não gastou esse dinheiro na saúde melhorando os Postos de Saúde? Por quê? Eu sempre falo na tribuna que a Constituição está muito mal, o salário mínimo não sustenta quatro pessoas com casa, comida e roupa lavada. Eu sempre disse isso aqui. Disse, quando a Lei Orgânica foi promulgada e V. Exa. ainda não era Vereador, que era uma lei retrógrada pois esquecia que havia família nesta Cidade.

Os quatro milhões de publicidade que o Orçamento Participativo não autorizou não foram gastos na saúde. Quero dizer ao Ver. Raul Carrion que estou disputando a vereança pela sétima vez. Sou tão correto nas minhas atitudes que o meu Partido, todas às vezes, exige que eu seja candidato. O Partido de V. Exa. não o indicou para ser vereador, deve ser da sua responsabilidade, talvez, seja uma coisa de partido. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLE n0 33/96. O Sr. 10 Secretário está coma palavra para proceder à chamada nominal dos Srs. Vereadores. (Após a chamada.) APROVADO por 26 votos SIM, 1 voto NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: Votaremos, agora, a Emenda n0 3, destacada pelo Ver. Jocelin Azambuja que, está com a palavra para encaminhar.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós fizemos questão de preservar aspectos que são fundamentais na aprovação deste Projeto e na seriedade que devemos ter nesta Casa. No processo está anexada uma relação, fl. 17 e 18, das pessoas cadastradas pelo DEMHAB, numa informação oficial do Sr. Prefeito Municipal, que fez a esta Casa comunicando a relação das pessoas e a metragem das áreas de cada uma.

Então, nós fizemos uma emenda que preserva aqueles que têm os seus lotes dentro dos 150m2, que é o direito, que são aqueles que legalmente estão ali fixados há muito anos, e estão dentro da LOM. E a nossa Emenda exclui aqueles que não estão arrolados no processo, e se não estão no processo não podem ter direito à área, e também aqueles que possuem mais de 150m2, porque se formos aprovar aqui que as pessoas que têm 180, 200, 300, 400m2, ou pessoas que nem estão arroladas aí, então será um festival, é outra coisa; seriam interesses meramente eleitoreiros que estariam ajeitando e colocando pessoas em áreas, resolvendo problemas, aproveitando a onda para resolver o problema de outras pessoas, que não têm direito. Então, Srs. Vereadores, a nossa Emenda prima pela seriedade deste Poder. Quem está relacionado no Projeto e possui até 150m2 nós aprovamos e vai ter direito legal à sua área. Agora, quem tem mais de 150m2 de área, não é nem moral que nós queiramos dar o direito. Agora, muito menos dar o direito para quem nem está relacionado no Projeto. Quem não está relacionado no Projeto é porque lá não existe. O Departamento Municipal de Habitação forneceu-me uma relação daqueles que lá residem e possuem áreas. O Ver. João Dib também fez um pedido de informações e recebeu resposta oficial do Executivo. Então são essas pessoas que lá residem, são essas pessoas que têm as áreas. São 138 famílias que estão com a sua vida resguardada, pois estão corretamente relacionados. O que nós não queremos é que outras famílias que não estão dentro do limite legal sejam contempladas, pois aí vai se abrir um precedente aqui nesta Casa para qualquer um e em qualquer área fazer da maneira que bem entende. Ou, então, algum interessado vai levar os seus companheiros para lá, instalá-los e eles vão ter os mesmos direitos daqueles que estão lá há dez, quinze, vinte anos, como eu já sei que existem casos.

Então, Srs. Vereadores, isso aqui não é matéria eleitoreira, não é matéria de campanha eleitoral. Isso aqui é coisa séria e para gente responsável. O Executivo Municipal enviou um projeto para regularizar uma área e a Lei Orgânica diz como deve ser feita a regularização e nós não podemos ficar aqui inventando. Não apareceu no Projeto outra relação de pessoas, pois são 162 famílias e dessas, 22 famílias não estão dentro daquilo que prevê a legislação.

Por isso, Srs. Vereadores é que nós estamos pedindo a atenção dos Senhores para a votação da Emenda n0 3 e Subemenda n0 01 à Emenda n0 3, que evita que seja feito lá um cartório eleitoral. O que nós queremos é a legalização das famílias que estão lá vivendo há muitos anos. Não daqueles que chegaram ou daqueles que estão lá com uma área de 400, 300m2. Isso aí não é para pobre não. Então, Sr. Presidente, 400, 300, 200m2 não é para pobre não. Isso é para gente rica; é para negociar. Por isso faço questão de ressaltar este aspecto, pela seriedade do Poder Legislativo e daquilo que as pessoas têm direito a receber. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. O Ver. João Dib está com a palavra para encaminhar o destaque à Emenda n0 03 do PLE nº 33/96.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, muitas coisas poderão ser ditas, menos que eu não seja um homem coerente. Segunda-feira votei contrariamente aos dois projetos. Pedi a renovação de um deles e o nobre Ver. Airto Ferronato também, porque a Emenda aprovada não interessava ao PT e a ele. Eu sou coerente. Já que eu tenho pedido de renovação dos dois outros projetos, eu poderia agora deixar encerrar a Sessão e novamente pedir renovação de votação. Mas foram 26 votos contra um. Eu vou votar contra todas as emendas.

Sr. Presidente, dentro da coerência que eu disse que me caracteriza, estou solicitando a V. Exa. que os outros dois pedidos de Renovação de Votação também sejam retirados. Eu não vou pedir renovação de votação. Se algum caminho deve ser seguido é o da justiça. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Airto Ferronato está com a palavra.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu confesso que vim a esta tribuna exatamente após ouvir a exposição do Ver. Jocelin Azambuja, meu fraterno amigo, mas que me causou alguma apreensão. Dizia o Vereador que quem votasse contra a sua Emenda estaria contra primar pela seriedade desta Casa. Aliás, isto é a Câmara, uns com umas posições; outros com outras. Nós precisamos respeitar todas. Daí porque, respeito a de V. Exa., também. Só que eu vou confessar que quando eu voto, nesses últimos anos, voto muito pelo coração. Eu paro, analiso. Mas nunca deixei, também, de votar pela razão do que eu estou votando. Eu faço essa análise. Eu disse antes, e volto a dizer, que a Emenda de V. Exa. é válida, é importante para o debate, só que, na minha visão, ela apresenta um erro, inclusive jurídico.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, é só no sentido de preservar  a palavra do orador que não está conseguindo se manifestar pelo barulho que há no Plenário. Eu peço a V. Exa. que garanta a palavra do orador.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa apela aos Srs. Vereadores, visto que há um colega na tribuna fazendo a sua manifestação.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Obrigado, Vereador. V. Exa. está correto. Eu gostaria de dizer que a área, o direito real de uso, é garantido pela Lei Orgânica para até 150 metros. Então, V. Exa. está correto. Diz que são só esses que estão inscritos. Ora, se alguém colocar outros que não estão ali, isso é crime. Esta Casa deve estar se preservando, por isso não podemos entender. Então, a relação está correta. Nesse aspecto V. Exa. está correto. Agora, quando V. Exa. diz que não será objeto quem tem mais de 150, aí nós estamos dizendo que quem tem 151 está perdendo o direito por causa de um. Isso é injusto. Na minha visão, não é correto. Quem tem mais de 150, 160, 200, que se faça essa liberação para que, depois, até se redistribua, como foi dito, para aquele que tem 15. Eu voto sempre preocupado em preservar a autonomia deste Poder, sempre preocupado em entender que este Poder é sério, merece continuar como está, tem o respeito da sociedade, exatamente por causa disso. Agora, posições contrárias não me levam a dizer que se alguém votar contra mim, eu sou o santo e os outros não. Não. Vamos ter um entendimento, porque a democracia é exatamente isso

Por isso, voto contra a Emenda. Porque aqueles que estão ali, nos 150 m, áreas superiores serão redistribuídas de outra forma. E que esta Câmara acompanhe com o Executivo esta redistribuição.

Então, peço aos Vereadores que votemos contra a Emenda, sem nenhum medo de dizer que estamos cometendo algum absurdo. Votamos com o coração e também temos que votar, fatalmente, com a razão. Nos temos que entender que a coisa tem que ser assim.

Esta é a minha observação. E agradeço àqueles que prestaram atenção a estas modestas palavras. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:. Para encaminhar, a palavra com o Ver. Raul Carrion.

 

O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, inicialmente, quero dizer que sobre as ofensas recebidas não tratarei, porque não é o momento; não caberia neste espaço; mas quero dizer que não calo por aceitar!

Encaminhando a Emenda nº 3 e a Subemenda, entendemos, Ver. Jocelin Azambuja que ela descabe, porque estamos fazendo um Projeto, em primeiro lugar, para uma desafetação de área com o objetivo do direito real de uso. A determinação de quem tem direito ao direito real de uso, não se define num projeto de desafetação da área. Para isso existe uma lei. E nessa lei, coincidentemente, é assegurado que para quem mora em uma área, no prazo determinado, será assegurado esse direito; independente de morar numa área grande ou pequena.

Mas o direito que tem é limitado a 150 m2. A lei não diz, por exemplo, que quem está em160 m2 não tem o direito. O que a lei diz é quem está em 160 m2 terá direito somente a 150 m2. Então, descabe a Emenda n0 3 e a sua Subemenda por duas razões: uma, porque não se trata disso em um projeto de desafetação trata-se disso na Lei do Direito Real de Uso! Se esta tiver alguma incorreção, vamos fazer um projeto e vamos melhorá-la.

Além disso, pelo que tenho conhecimento existem lotes ali relacionados – pelo menos na relação que a Câmara tem no seu Processo – onde se diz: “Fulano de Tal, ocupante: área de tanto’. Mas, na verdade, essa pessoa, nesse lote que fala “Fulano de Tal”, moram ali o seu núcleo familiar, o núcleo familiar de uma filha e o núcleo familiar de um filho. Como vamos impedir-lhes, então, esse direito, se são três núcleos familiares? E não estamos falando de uma família de pai, mãe e filhos...

Eu acredito que a Lei do Direito Real de Uso é suficiente para impedir qualquer ilícito o qualquer privilégio. Por isso, Ver. Jocelin, mesmo concordando com a sua intenção de que essa Lei não envolva benefícios indevidos a ninguém – e nesse ponto somos totalmente solidários – mas descabe a sua Emenda, no meu entender, porque a Lei que está sendo votada trata de desafetação e não de quem faz jus ao Direito Real de Uso.

Segundo, porque a Lei do Direito Real de Uso já regulamenta isso. Nesse sentido e por isso, encaminhamos contrariamente. Muito obrigado.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu penso que o Ver. Raul Carrion já adiantou muito do que poderíamos aqui deduzir em termos de chamar a atenção para a inadequação da Emenda do Ver. Jocelin Azambuja. Primeiro, do ponto de vista formal, trata-se de desafetar uma área. Não está desafetando-se pessoas, terrenos, não é essa questão. Desafeta–se uma unidade territorial, se assim podemos dizer. Logo, seria algo extremamente incompreensível e absolutamente inorgânico desafetar um conjunto e deixar ali um enclave não desafetado acima de 150m. Então, esse dado deixa clara a impossibilidade de ordem material e jurídica. Por outro lado, é bom que se tenha presente que 150m, 160m, isso não altera a natureza social da questão. A questão é de natureza social e não de natureza quantitativa. Nós não estamos aqui medindo a questão social. A questão social existe em um barraco de 150m, como em um barraco de 160m. Esse é o espírito da coisa. Por lado, há casos já citados aqui de uma família ter 200m mas ali estarem mais famílias, filhos por exemplo. A boa técnica legislativa recomenda que nós rejeitemos essa Emenda do Ver. Jocelin Azambuja por absoluta impropriedade de ordem material, física, jurídica, social, porque a questão não se dá em termos de mais 5m para cá ou 5m para lá. A unidade que se está discutindo e que se visa conceder o direito de uso não é metrificável não, não se dimensiona em metros.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a melhor orientação para pacificar essa matéria para não criar problemas, é que nós rejeitemos não só essa Emenda, mas também as demais emendas. Eu sou simpático à Emenda do Ver. Artur Zanella, mas esse processo nós precisamos amadurecer. E eu não tenho dúvidas de que a evolução jurídica e social vai conduzir, sim, Ver. Artur Zanella, para daqui a 10 anos, nós cheguemos nesta Casa e o próprio Executivo diga que é o momento de conferir a propriedade para esses moradores. Só que me parece que o assunto não deve ser colocado agora, vamos colocar num amanhã próximo, porque a evolução social não tem controle, essa se gesta na sociedade e, indiscutivelmente, avançará  nesse terreno.

Então, fica aqui a manifestação do PDT para que nós passemos uma borracha nas Emendas, não aprovemos as Emendas e votemos maciçamente em função do Projeto.  Muito e ao obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra.

 

O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu gostaria de dizer de antemão que a nossa Bancada ouviu atentamente todos os pronunciamentos, em particular esse último, na medida em que surge uma outra alternativa de orientação para efeito de votação no Plenário, sugerida pela Bancada do PDT, que a nossa Liderança está avaliando, que é a possibilidade de aprovarmos o Projeto sem as emendas. Evidentemente, no transcorrer da votação nós ainda nos pronunciaremos a respeito dessa sugestão.

Em segundo lugar, gostaria apenas de registrar pelo menos dois motivos que levam a nossa Bancada a ter uma posição de forma tranqüila, contrária à sugestão do Ver. Jocelin Azambuja, encaminhando individualmente ou pela Bancada do PTB. Primeiro, não há a menor possibilidade de, uma vez aprovada esta Lei, se esquecer da existência de outras leis que têm plena vigência. Isso é uma obviedade, portanto esse zelo torna-se desnecessário, traduzido nesta Emenda, porque existe uma lei anterior e superior que é a Lei Orgânica, que determina o limite de 150m. Então, esta Lei não pode ser vista como algo apartado do conjunto de leis que legislam sobre essa mesma matéria no âmbito do Município. Portanto, pelo princípio da hierarquia, esta Lei está subordinada à lei maior que é a Lei Orgânica. Esta Lei, então, está subordinada ao princípio desse limite, ou seja, 150 metros. Traduzindo, significa que as áreas, cujas famílias hoje moram, que são superiores a 150 metros, terão que se adequar a esse limite e ponto final. Portanto, sob esse ponto de vista, é desnecessária a Emenda. Em 20 lugar, por um problema de técnica, como bem levantou aqui o Ver. Elói Guimarães, na verdade, uma emenda incorporada ao texto desse Projeto, que é um Projeto enxuto, como disse o Ver. Isaac Ainhorn, no início dos nossos trabalhos, ela transformaria essa Lei em uma espécie de monstrengo jurídico, porque nós teríamos buracos, usando um adjetivo, naquela área, que estariam fora do efeito da desafetação, o que tornaria impraticável a realização da desafetação global da área.

Portanto, não seria também a melhor forma, sob o ponto de vista da técnica legislativa, o encaminhamento da dúvida. Como nós temos essas duas garantias, ou seja, a Lei Orgânica, que fixa em 150 metros e, em 20 lugar, a possibilidade de que todas as famílias que estejam acima desse limite se adeqúem, nós achamos que se torna absolutamente desnecessária essa Lei, até também indica, a boa técnica jurídica, que não se coloquem emendas em um Projeto que tornem inviável ou dificultem a aplicação da própria Lei. Essa Emenda dificultaria a aplicação daquilo que é finalidade principal desse Projeto, que é a desafetação da área. Haveria vazios, buracos naquela área que ficariam para uma posterior definição. Por essas razões a nossa Bancada é contrária à Emenda. Muito obrigado. 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para encaminhar o destaque à Emenda n0 03 ao PLE 33/96.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, eu devo dizer a todo esse público que está aqui presente, que aquilo que interessa aos Senhores, aquilo que os Senhores vieram hoje buscar, não apenas hoje, mas esses dias todos que os Senhores têm vindo a esta Casa, os Senhores já obtiveram. O Projeto quando foi aprovado deu-lhes exatamente a garantia de que vai haver a desafetação e também o Direito Real de Uso, pois está dito no processo que aquilo que desafetamos foi exatamente para que fosse feito o Direito Real de Uso, e foi isso que nós aprovamos. As Emendas dizem respeito apenas a determinadas garantias que esta Casa quer ter com relação à execução do Projeto.

É por isto que eu peço que os Srs. Vereadores, quando analisarem esta Emenda n0 3, não a analisem sem antes olhar a Subemenda, porque poderão cometer um erro grave. A Emenda é de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, só que o que ele quer é fazer com que apenas aquelas pessoas que estão lá na Vila, hoje, que estão nominadas no processo, é que possam ser beneficiadas com o Direito Real de Uso. Parece simples, mas não é. O que poderia acontecer? Poderia acontecer, que pessoas que não estão na vila neste momento, que não estão elencadas no processo, naquela relação que foi enviada a esta Casa, pudessem também ser beneficiárias com o Direito Real de Uso. O que quer evitar o Ver. Jocelin com a Emenda e a Subemenda é exatamente isto. Aí, disseram alguns Vereadores que é óbvio que a lei apenas dá garantia para aqueles que têm até  150 m2, mas que o que quer o Ver. Jocelin Azambuja dentro da sua Emenda? É que aquelas áreas que sejam superiores a 150 m2 não sejam desafetadas. Para quê? Para que, por exemplo, quem tenha 400m, como foi denunciado e o que consta dentro do processo também, é que quem tem 400m, fique com os seus 150m. Mas e o restante desta área? Será discutido depois.

Se nós rejeitarmos a Emenda do Ver. Jocelin Azambuja, pode acontecer de outras pessoas se beneficiarem de uma luta que é dos Senhores de longo tempo, podendo acontecer de determinadas pessoas terem mais direito do que outras que lá estão: uma pessoa ter direito a 400 metros e a outra ter direito a 150. Então, o que quer evitar o Ver. Jocelin Azambuja com a sua Emenda e Subemenda? E eu pediria que os Srs. Vereadores: as duas juntas. Com relação ao direito dos Senhores, já está assegurado com a aprovação do Projeto, e eu lhes dou os parabéns. Muito obrigado. (Palmas.) 

 

(Não revisto pelo orador.)

 

 O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, para encaminhar.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, todas as ponderações que foram levantadas da tribuna no encaminhamento desta votação são pertinentes, mas quero tranqüilizar a Casa dizendo que tudo isso que foi levantado já consta na lei, tanto na Lei Orgânica como na Lei Complementar n0 242 e no decreto subseqüente, está tudo previsto, não há problema maior, porque nós estamos apenas desafetando a área, ela vai ser objeto de um projeto de urbanização, essas situações anômalas vão ser regularizadas. As pessoas vão receber o Direito Real de Uso, essa relação não tem nada a ver com a concessão de uso da área. Isso foi um levantamento, feito pelo DEMHAB, que dá direito a essas pessoas, mas elas estão enquadradas na Lei n0 242, 150 metros, claro, ninguém vai ser tão estúpido assim, qualquer administrador que se defrontar com uma área superior, já construída, com o Direito Real de Uso, por mais 10 ou 20 metros, não vai mandar derrubar uma construção para se enquadrar nesse projeto, confio na sabedoria das pessoas, no bom–senso. Isso é uma área irregular que está sendo regularizada, e para isso precisa haver um jogo-de-cintura para que essas coisas sejam compatibilizadas.

Prevejo que a Emenda n0 3, com todo o respeito ao Ver. Jocelin Azambuja, seja rejeitada. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Apregôo a retirada do pedido de Renovação de Votação do Projeto n0 032/96, que desafeta do uso do povo o próprio Municipal Vila Brasília, Requerimento formulado pelo Ver. João Dib.

Apregoamos a retirada do Pedido de Renovação de Votação do Projeto n0 034/96, a desafetação para a regularização fundiária da área da Vila Jardim também firmado pelo Ver. João Dib.

Em votação a Emenda n0 3. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADA a Emenda por 4 votos SIM, 19 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.

 Declara-se a prejudicialidade da Subemenda n0 1 à Emenda n0 3.

Em votação a Emenda n0 1. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. APROVADA, com o voto contra do Ver. João Dib.

Em votação a Emenda n0 2. Votação nominal por solicitação do Ver. Jocelin Azambuja. (Pausa.). (Após a chamada.) REJEITADA a Emenda, por 16 votos SIM, 7 votos NÃO, 2 ABSTENÇÕES.

Em votação a Emenda n0 5 do Colégio de Líderes do PDT.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, esta Emenda não é do Colégio de Líderes do PDT. Esta Emenda foi minha e foi assinada pelo Ver. Dilamar Machado, Vice-Líder do PDT, que, por sinal, é contra a Emenda. Ele só fez a gentileza de assinar.

 

O SR. PRESIDENTE: Certamente abonada pelo Líder do PDT, Ver. Nereu D’ Ávila.

Em votação nominal, requerida pelo Ver. João Dib, a Emenda n0 5. (Pausa.) (Após a chamada.) REJEITADA a Emenda n0 5,  por 18 votos NÃO, 06 votos SIM, 01 ABSTENÇÃO.

 

 O SR. AIRTO FERRONATO: Uma consulta, Sr. Presidente. Haverá Sessão amanhã pela manhã?

 

O SR. PRESIDENTE: Em primeiro lugar, a Sessão continua. Em segundo lugar, respondendo a questão de V. Exa., um Vereador de quase dez anos, informo a V. Exa. que no período de recesso parlamentar é regimental as Sessões de 4a e 5a feiras da Comissão Representativa da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Essa resposta é formulada à consulta feita pelo Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Requerimento): Como visualmente não há quórum, solicito verificação de quórum. 

 

O SR. PRESIDENTE: Atendendo ao Requerimento do Ver. Artur Zanella procedemos a verificação de quórum.

 

O SR. JOCELIN AZAMBUJA (Requerimento): Faço este Requerimento para registrar que a Bancada do PT não está presente na Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Não havendo quórum, declaramos encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h08min.)

 

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